Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

maio / junho de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 45 S o f i a E s t e v e s ‘ haverá uma festa dos 30 anos da primeira turma de Mestrado. Na época, já era latente esse processo do Cruzado. Você via que o negócio podia dar certo, só que não era algo sustentável. O Plano Real foi mais um salto e, sem dúvida, estabeleceu condições, redemo- cratizou, estabilizou, reduziu a desigualdade e a informalidade. Esse conjunto melhorou a vida de cada brasileiro, que passou a traba- lhar, estudar e ter menos filhos. MESSEDER – Você tem condições objeti- vas que permitem isso. MARCELO – Condições macroeconômicas, sem dúvida. Até há pouco tempo o mundo estava crescendo, só que não está mais. O caso brasileiro nos últimos dois anos é mais interessante do que o período da crise. Ao compararmos uma série de pesquisas do- miciliares com as vendas da Gol ou ainda o crescimento do PIB, veremos o quanto o Brasil está “bombando”, como se diz na gíria. E não é uma explosão como foi o Plano Cruzado, um processo que não tinha sustentabilidade. A novidade é a melhora da renda média, do poder de compra da população e a redução da desigualdade por muitos anos consecutivos. MESSEDER – Isso tem um impacto gigan- tesco em termos de cidadania e fortale- cimento da democracia. MARCELO – Melhora a qualidade de vida. Esse dado de Felicidade Futura ajudou muito a entender o Brasil e o fato de o brasileiro estar feliz. MESSEDER – No filme A Família Braz os depoimentos da família são impressio- nantes e mostram esse sentimento com clareza. Agora esse público pode sonhar porque tem a expectativa de realizar o sonho. Ele sente que tem um futuro pela frente, tem sustentabilidade, pode fazer planos e projetar os próximos anos. MARCELO – Por outro lado, quando a pesqui- sa pede para o brasileiro classificar o Brasil, a nota é sempre menor. Talvez não seja o sonho do Brasil, mas da população. MESSEDER – Isso é bom, porque é menos ufanista e mais uma percepção da vida do brasileiro. De meados dos anos 90 para cá, temos a eterna disputa: governo Fernando Henrique versus governo Lula. Como você vê esse processo? MARCELO – O melhor presidente é o Frula, combinação dos dois: a capacidade intelectual, a sensibilidade e o charme do sociólogo Fer- nando Henrique com a força do Lula, aquele trabalhador que veio de baixo e é engraçado. Imagine essa combinação, seria insuperável! E agora temos a Dilma Rousseff, que é uma pessoa sisuda. MESSEDER – Tradicionalmente, sempre se falou em classe média, média alta e baixa. Hoje, vale mais falar de classe média tradicional e nova classe média? MARCELO – O que nossa pesquisa mostra é que, quanto mais elitista eu for, em relação ao que é ser classe média, maior é o corte. As classes A e B foram as que mais cresceram e são as que mais crescerão nos próximos anos, o que dará origem a uma nova classe social. MESSEDER – Recentemente, a revista Exame tratou da questão do mercado de luxo. MARCELO – Fizemos uma pesquisa, que aponta uma visão histórica de 50 anos e uma projeção para 2014. Pelo levantamento, feito há dois anos, a classe A/B deverá crescer 50% e a pobreza, por coincidência, cairá 50%. Algo } As classes A e B foram as que mais cresceram e são as que mais crescerão nos próximos anos, o que dará origem a uma nova classe social. ~ Neri Marcelo

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