Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

julho / agosto de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 55 preza independência, isolamento e exclusão, a nova classe média é mais solidária e se inter-relaciona. 9 71% compram quase tudo no comércio do bairro onde moram. 9 40%das famílias da classe média cuidam dos filhos dos vizinhos. 9 A maioria das famílias que passaram das classes D e E para a C não quer mudar de bairro. 9 As pessoas da nova classemédia têm70% mais amigos do que os integrantes das classes A e B, que muitas vezes não conhecem seus vizinhos. 12 Esse perfil de comportamento nos remete a outra característica marcante na forma de con- sumir da nova classe média: o crédito. Esse foi, sem dúvida, o principal fator que contribuiu para o aumento do consumo desse segmento. A pesquisa do Instituto Data Popular (set. 2010), antes referida, nos revela que vinte e dois por cento das pessoas da nova classe média emprestam o cartão de crédito para os amigos consumirem. O comportamento em relação ao crédito tam- bém é singular nesse novo consumidor. A grandemaioria, sessenta e umpor cento, prefere os cartões de crédito das lojas de varejo. Eles relatamnão se sentiremà vontade nos bancos. 13 Esse dado comprova a importância de se reve- rem os modelos de negócio para atender a esse consumidor. O ambiente bancário foi, durante anos, um espaço sofisticado de reconhecimen- to das elites e de afirmação de status . Espaços exclusivos para clientes ainda mais exclusivos foram projetados e implantados nas agências dos principais bancos privados do país. Atentos aos novos segmentos de público que agora se aproximam do sistema bancário, al- guns bancos estão abrindo novas agências nas comunidades e periferias das grandes cidades. Um exemplo disso foi o do Banco Santander, que abriu uma agência no mês de maio de 2011 no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A agência oferece os mesmos serviços das demais agências do Santander, comênfase na oferta de microcrédito. Para abrir uma conta, o cliente precisa comprovar uma renda mensal de um salário-mínimo. Atualmente, moram no “Ale- mão” cerca de 100 mil pessoas. Muitas destas nunca tiveram uma conta bancária. 14 “O consumidor da elite busca exclusividade; o consumidor popular busca inclusão. Por isso ele precisa de lojas, marcas e produtos que conversem com essas necessidades. Ele precisa de um vendedor que explique muito mais por que um produto funciona, de um atendimento muito mais próximo e de ser tratado com muito mais respeito. O que a gente sabe é que todas as empresas que dão certo falando com o consumidor emergente são as que desenvolverammodelos de negócio próprios para o novo consumidor brasileiro.” (Renato Meireles, 2010). 15 Outra característica desse segmento social refere-se ao modo de consumo dos serviços de telefonia celular. A busca da fa- cilidade de comunicação por meio do celular não constitui nenhuma novidade, uma vez que todos os segmentos sociais almejam o aten- dimento desta necessidade. O que, entretanto, torna o consumo dife- renciado é que, dos oitenta e quatro por cento das pessoas da nova classe média que possuem telefone celular, quase todos possuem mais de um aparelho, ou mais de um “chip”, 16 diversificando, assim, a operadora O crédito foi, sem dú- vida, o principal fator que contribuiu para o aumento do consumo da nova classe média.

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