Revista da ESPM - JUL-AGO-2011
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 56 prestadora do serviço. Dessa forma, o consumidor utiliza todas as promoções ofereci- das pelas diversas concorren- tes de telefonia. O rosto da nova classe média é um rosto de mulher. As mulhe- res da nova classe média já são a metade das mulheres do país, ou seja, trinta e seis milhões, e respondem por quarenta e um por cento da renda das famílias desse segmento. Essa divisão demográfica levou as lojas de materiais de construção, antes exclusivamente voltadas para o público masculino, a criarem di- retoriasparaatender àsmulheres que representam, hoje, mais da metadedopúblicoconsumidor. 17 O setor de beleza também se popularizou e hoje é possível encontrar clínicas de estética, oferecendo tratamentos faciais e corporais, nos bairros da periferia das grandes cidades. Em muitos casos, essas empresas foram abertas por moradoras do local que encontraram, na facilidade de crédito para a abertura de mi- croempresas, formas de legalizar e expandir as suas atividades. “A vaidade é uma ferramenta de inclusão so- cial. Essa mulher está saindo de casa e precisa se apresentar para o mundo de uma forma mais bonita. A mulher emergente encontra, na vaidade, muitas vezes, a forma de diminuir as barreiras étnicas que separavam as classes sociais no Brasil” (Renato Meireles, 2010). 19 A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte... Além de querer ficar mais bonita, a nova classe média também quer se divertir. E para isso não importa se a indústria cultural adotou ou não o artista ou o estilo de música preferido. Artistas como Gabi Amarantos ou Pepe Moreno, entre centenas de outros, fazemsucesso e têmumpúblico enorme. Junto comesses novos artistas chegam também novos estilos como as Festas de Aparelhagem, o Tecnobrega e o Forró Eletrônico. No Pará, milhares de pessoas cantamasmúsicas de Gabi Amarantos. A forma de promover suas músicas, semas grandes gravadoras, é bemespe- cífica e direcionada ao perfil do seu público-alvo. Os CDs da Gabi estão em todos os camelôs do principal mercado popular de Belém. Ela mesma passa por lá e deixa uma matriz para que os vendedores copiem e vendam. O ganho da Gabi nãoestána vendadosCDs,mas na realizaçãodos shows depois que asmúsicas ficamconhecidas. 20 Pepe Moreno, imigrante nordestino em São Paulo, vendeu biscoitos pelas ruas da capital até começar a cantar embares da periferia. Quando compôs “Risca Faca”, estourou entre o público da classe média. Para ele, o sucesso vemdo fato de suas letras retratarem o dia a dia, a vida des- sas pessoas. Asmesmas que lotamseus shows. 21 O que se percebe, e que indica uma nova onda demudança nomodelo de negócio da indústria cultural, é que as expressões culturais classi- ficadas como periféricas correspondem hoje à maioria. Empresas e marcas já consolidadas no mercado, muitas vezes líderes em seus segmen- tos, já perceberam que precisam adequar seus Instalaçõesdaacademia BodyTech no Norte Sho- pping,nobairrodePilares no Rio de Janeiro. É a maior unidade da rede, com três andares e área externa com piscinas, vôlei de praia, muro de escalada e bar. 8 MILHÕES DE CONSUMI- DORAS DA NOVA CLASSE MÉDIA COMPRAM BIJU- TERIAS TODO MÊS 7 MILHÕES COMPRAM CREMES PARA O CORPO TODO MÊS 7 MILHÕES COMPRAM SAPATOS TODO MÊS 42% ESTÃO PREOCUPADAS EM FICAR NA MODA 18
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