Revista da ESPM - JUL-AGO-2011
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 62 Foi neste cenário que surgiram e vêm cres- cendo os chamados microsseguros, uma nova modalidade de seguros que passou a integrar a vida de milhões de brasileiros, baseando-se em um modelo diferenciado de precificação (prêmio − valor cobrado pelo seguro), com taxas baixas de administração (na comparação com os seguros convencio- nais), e parcelas acessíveis à chamada classe C. Mas, antes de tratar do microsseguro, é importante entender a ascendência dessa ca- mada da população que permitiu a ascensão dessa nova modalidade de negócio. O perfil da nova classe C A nova classe C, nos últimos anos, ganhou cerca de 20 milhões de brasileiros egressos das camadas mais pobres, alavancando o consu- mo e melhorando os índices de desenvolvi- mento do país. É o que mostram as conclusões do estudo “Observador”, realizado pela Cete- lem, através do instituto de pesquisas Ipsos: a classe C saltou de 36% da população brasileira em 2006, para 46%, chegando a um total de 86 milhões de pessoas, em 2007. Em paralelo, 24,6 milhões de pessoas dei- xaram a classe E, representando uma queda de 54,18%, e 7,9 milhões, a classe D, uma retração de 24,03%. Esse movimento gera alterações na pirâmide social brasileira: em vez de um triângulo, ela passou a adquirir a forma de losango. Essa alteração de configuração significa que a desigualdade de renda vem decrescendo no Brasil, mais precisamente, desde 2001, segundo estudos da FGV. Nesse cenário, a renda per capita dos 10%mais ricos aumentou em 1,52% ao ano, enquanto a renda dos mais pobres cresceu a uma taxa de 6,79% ao ano. A consciência de que se está lidando com uma nova camada populacional, com característi- cas próprias, apresenta novos campos para a análise de profissionais ligados às atividades de marketing, comunicação, vendas e trade marketing. Além do maior poder de compra da classe C, há claramente uma mudança de mentalidade, estimulada, aliás, por ações de comunicação e desenvolvimento de uma oferta mais adequada, criadas por empresas que vêm trabalhando com foco nesse público. Um segmento que vem adotando essa linha de comunicação são as seguradoras ou os inter- mediários (grandes varejistas, por exemplo), que buscam construir uma identidade comum, básica, com a qual a classe C se reconheça e, assim, perceba que as mensagens e os con- O Bradesco Vida & Previdência desenvolveu um produto voltado para as classes C, D e E chamado “Primeira proteção”. Ele custa cerca de R$ 3,50 ao mês para o se- gurado, com indenização de R$ 20 mil no caso de morte acidental. Há o benefício adicional de se concorrer a um sorteio mensal no mesmo valor da indenização, adquirindo, assim, ares de um título de capitalização. Em comunidades como a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, o seguro é conhecido até como proteção contra “bala perdida”, porque, naquele local, por exemplo, se percebe um risco de um indivíduo ser atingido em um fogo cruzado, por exemplo.
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