Revista da ESPM - JUL-AGO-2011
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 72 dos. Inversamente, temos a importação cada vez maior de produtos agregados e a diminuição de produtos considerados básicos, como aponta o Gráfico 1. Além disso, a estrutura industrial brasileira pos- sui uma forte heterogeneidade intersetorial. O desempenho industrial brasileiro mostrou, nos últimos anos, a capacidade de reação do setor produtivo nacional frente às constantes transfor- mações e mudanças econômicas internacionais. Tais fatores, além do custo-país, estão levando então ao fenômeno da “desindustrialização”, apressadapeloaumentode consumoda chamada classeC. Paralelamente a isso, oBrasil impôs, nos últimos oito anos, um discurso mais popular, no sentido de garantir uma estabilidade pseudo- econômica e política, esquecendo ou omitindo outras consequências e impactos de suas ações. Outras economias, como, por exemplo, a chinesa, estão passando pelo mesmo processo. Entretan- to, no caso chinês, existe um planejamento no sentido de garantir um crescimento econômico sustentado, aliado a práticas de curto e médio prazos do governo, como o controle cambial que incentiva a produção para a exportação e não motiva as importações. 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 BÁSICOS AGREGADOS Fonte: MDIC EDMIR KUAZAQUI Doutor e mestre em Administração (linhas de pesquisa: Marketing, Recursos Humanos e Co- mércio Exterior). Pós-graduado em Marketing e professor da ESPM. Autor de livros, consultor e presidente da Academia de Talentos. Conclusões Existe anecessidadede contemplar essa tendência de mercado com empreendedorismo e inovação em todos os níveis, uma vez que se trata de um importante segmento de consumo emevolução e comdesdobramento nomédio e longo prazos. O grande desafio empresarial é a adaptação frente às ações do governo, que não são lineares e nem têm foco especifico, até em decorrência da nossa própria estrutura industrial. Empassado recente, por exemplo, o governo favoreceu o consumo de automóveis e eletrodomésticos, em decorrência do cenário pós-crise internacional. Se até o momento o governo federal não criou alguma regra mais contundente para as impor- tações, é de seu conhecimento que poderá haver um nível interno de desabastecimento e conse- quente aumentodepreços, refletindono índicede inflação. Aeconomiabrasileira, então, se encontra dentro de um paradoxo que somente o tempo e as ações privadas poderão se impor para um real crescimento sustentado. ES PM Gráfico 1 Exportações brasileiras por fator agregado 1964 a 2010 - Participação % sobre o total
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