Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

julho / agosto de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 77 “Trickle up” Emmodanãoéincomumquenovastendênciassejam reflexo do que se usa nas ruas. Nesse caso, fala-se do efeito trickle up sugerindo uma influência de baixo para cima na pirâmide social. Na Economia, a ideia sugere que a riqueza pode fluir no sentido inverso quando a parte mais rica da população se beneficia de um aumento efetivo nas vendas realizadas para a parcela mais pobre. qual se organiza grande parte da racionali- dade econômica, sociopolítica e psicológica nas sociedades”. Sendo assim, é fundamen- tal compreender o consumo como arena de disputas entre as determinações da esfera da produção e os diferentes modos de apropriação social dos bens e serviços. Conforme destaca o autor (2009), as transformações na produção cultural e no acesso à cultura oriundas dos processos de industrialização, globalização e digitalização se mostram mais claramente no comportamento dos jovens. Curiosamente, apesar de amplamente aceito pelo senso comum, o mito da geração digital (Tapscott, 2008), carece de fundamento. A crença indiscriminada de uma suposta pre- disposição natural dos chamados “ nativos digitais ” (Prensky, 2010), que atuariam com desenvoltura no universo on-line não tem sido comprovada em pesquisas empíricas. Em diversas partes do mundo, assim como no Brasil, pesquisadores encontram significa- tivas diferenças em termos de competências, interesses, frequência e tipos de uso quando se examina o comportamento de crianças e jovens nas redes sociais. O mito dos nativos digitais Como dissemos, pesquisas empíricas revelam a necessidade de se rediscutir o tão propalado mito de que a destreza e desenvoltura dos jovens nos meios digitais seriam uma função natural. O problema com esse tipo de classifi- cação generalista – seja socioeconômica, etária, étnica etc. – é que se agrupa em uma mesma categoria uma ampla gama de indivíduos com características dessemelhantes. Especialmente no contexto das novas classes médias, que apresentam significativas e es- pecíficas carências culturais, é imperioso que sejam oferecidos novos meios para a consoli- dação daquilo que os especialistas denominam “ literacia digital ”. Este tipo de formação diz respeito ao domínio de conhecimentos formais e informais que propiciem uma desenvoltura nos processos de criação, distribuição e apro- priação de conteúdos no universo digital. Mais do que nunca, a “ literacia digital ” destaca a relevância da educação geral para formar o interator competente, capaz de selecionar e processar criticamente a miríade de informa- ções que circula na rede, num processo efetivo de construção de conhecimento. É imprescindível salientar que o ato de pesqui- sar não deve ser reduzido ao simples acionar um programa de busca como o Google, por exemplo, que oferece com notável rapidez

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