Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 90 } Hoje, o mercado está com uma sér ie de di f iculdades na con- tratação de mão de obra para atender à nova classe média. ~ O nível educacional continua abso- lutamente precário. A saúde deste país continua uma catástrofe total, assim como a segurança. Esses in- dicadores poderiam transformar o Brasil, mas não observo mudança. Alguns setores estão realmente crescendo: as construtoras, a indús- tria automobilística e quem financia toda essa“farra do boi”. O resto está se endividando com a sensação de que está crescendo. FÁBIO – Concordo. Até o PRO- CON, preocupado com o endivi- damento da população, começou um programa de educação especi- ficamente para o público que está ascendendo ao consumo. O consu- midor que hoje rotulamos de classe média, até o século XX, era chamado de excluído da educação, da saúde, do consumo e de uma série de itens que favorecem a qualidade de vida. Uma vez que esse público começou a ascender ao crédito e a se tornar interessante para o mercado, passa- mos a dar ao fato uma abordagem meramente mercadológica, esque- cendo dessa exclusão da educação e da saúde, o que traz o desafio da sustentabilidade. MARCOS – Estamos tendo uma vi- são paulistana. Existe o crescimento do crédito como ferramenta de con- sumo e, por causa disso, uma parte da população está se endividando de forma incorreta, mas não é toda. No Nordeste, por exemplo, é possí- vel notar a diferença que faz a luz em uma casa que até o ano passado não tinha energia elétrica. A primeira coisa que se compra é uma gela- deira, que muda o comportamento de vontade da geração seguinte. A família deixa de comer farofa com qualquer coisa para estocar alimen- tos com mais proteínas e vitaminas. Aí entra o que chamamos de crédito como ferramenta de crescimento, porque ele vai comprar essa gela- deira e vai financiar porque não tem renda para pagar à vista. Depois vai investir na televisão, no fogão, e isso muda uma geração. Concordo com tudo o que foi falado, mas, na nossa visão de São Paulo, estamos preocu- pados em ter a melhor educação do mundo, quando tem gente que não possui acesso a nenhuma educação. FÁBIO – Essa não é uma visão restrita a São Paulo e não estamos falando de uma supravalorização da educação. Entendemos comple- tamente o impacto do acesso e não há nenhuma crítica ao modo de pa- gamento como, por exemplo, o par- celamento. O que destacamos aqui é } Nas novelas, vemos que o r ico é aquele que pega o hel icóptero, sai de Angra dos Reis onde mora e vai trabalhar no Leblon. O res- tante é classe média. ~

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