Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

julho / agosto de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 97 } A população está se endivi- dando dentro do pressuposto de que a elast icidade da renda é inf ini ta, mas não é. ~ segmentos como informação, lidar com a cultura, a questão da arte, mas temos muita coisa a ensiná-los também, sobretudo essa questão da convivência dos diferentes. MÁRIO – Não sei se o governo pariu uma espécie de“Caixa de Pandora”, porque com suas “bolsas” ele está gerando uma quantidade grande de pessoas que acabaram tendo muita inserção no mercado de consumo. Mas não há infraestrutura para isso, vide aeroportos, viagens de avião, os navios cheios... DANILO –Oaviãoestávirandoônibus! MÁRIO – E isso está gerando um certo preconceito. As pessoas mais ricas estão viajando ao lado de pes- soas que não sabem viajar. MARCOS – Lamento, vai ter de conviver com isso. MÁRIO – Pois é, mas o problema não é a convivência e sim a falta de infraestrutura para poder conviver com essas pessoas no mesmo espaço de antes, porque esses espaços não foram aumentados. Esse grupo que antes estava marginalizado agora é incorporado ao mercado e atendido da mesma forma como era na década de 90. Será que vamos implodir? MARCOS – Não. Vamos é forçar a mudança. MÁRIO –Vamos ter condições de cons- truircoisasespecialmenteparaumaCo­ pa que vai acontecer daqui a 30meses? MARCOS – A Europa e o Japão estão querendo, desesperadamente, ter o nosso problema de superoferta. Hoje, a discussão nesses países é se você se aposenta com70 ou85 anos,enquanto dizemos que temos até 2030 para resolver o problema previdenciário. FÁBIO – Temos uma grande deficiência no exercício da cidada- nia. Aqui o preconceito das classes mais altas agora convivendo com as mais baixas é real. Na Europa, nos Estados Unidos, mesmo nos mercados asiáticos emergentes, ricos e pobres compartilham alguns espaços em comum. MÁRIO – É uma infraestrutura completamente diferente. A China acabou de inaugurar um trem bala de Pequim a Xangai. É uma coisa extraordinária. E ainda estamos pensando na eventualidade de ter um desses do Rio a São Paulo, isso com Copa e Olimpíada marcadas. É como ter uma casa boa, de médio porte, e convidar alguns amigos para um aniversário. Só que cada um de- les convida outro amigo para a festa. Sem estrutura para atender a esse mundo de gente, você terá de servir Miojo. Os banheiros vão entupir, as pessoas não têm onde estacionar e acabam sendo assaltadas. Isso é o que está me parecendo: um monte de penetras entrando numa casa legal sem infraestrutura porque você convidou 50 pessoas e vieram 300. Então, você implode a casa naquela festa. É esse o retrato! FÁBIO – Em algummomento o país terá de se transformar de fato. Caso contrário, chegaremos à conclusão de que não estamos enriquecendo

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