Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 98 } O Bolsa Famí lia é um grande programa de melhoria da renda da classe mais excluída, mas ele não tem sus- tentação se não tiver uma por ta de saída adequada. ~ } A TV aber ta já não classi f ica mais ninguém, é para todos, enquanto a classe média é aquela que tem TV por assinatura. ~ ou nos desenvolvendo, apenas dei- xando de ser miseráveis. MARCOS – O duplo exercício de chamar a atenção é válido, mas não há dúvida de que o Brasil está crescendo e, em breve, serão cinco potências iguais. Vamos implodir em termos de pequenas células e ter infraestrutura em todos os aeroportos, porque o mundo quer, já que viramos a saída e a solução. Isso é uma transição e quanto à convivência de um e de outro, ninguém pode esquecer dos problemas que os turcos têm na Alemanha ou os muçulmanos têm na França. DANILO – Isso acontece em todas as partes: os latinos e os negros têm problemas nos Estados Unidos. MARCOS – Então, isso é inerente a um ser chamado Homo sapiens sapiens . Basta ver o Facebook repleto de comunidades, que são capazes de derrubar ditaduras de 40 anos, como aconteceu no norte da África. Mas é inexorável que este país vai chegar lá. O mundo quer. FÁBIO – Recentemente, o país acordou para oficializar pontos re- lacionados a direitos humanos. DANILO – Isso é um processo de mundialização. FÁBIO – Exatamente.Vemos o Brasil discutir questões de homofobia e direitos iguais. Isso reflete também uma preocupação política de como o país vai sair na foto mundial. DANILO – Estamos condenados ao crescimento e ao desenvolvimento, inexoravelmente. Isso é um fato real. Diria que temos duas questões chaves: educacional e infraestrutura – são os dois elementos que apare- ceram nessa discussão. Com relação ao preconceito, a convivência é uma grande questão educacional e cultural. Ainda assim a França é um país bem evoluído educacional- mente e temproblemas como nação, como situação genérica. Respeito ao próximo é um elemento vital e fundamental. Isso é educação e representa a evolução de um país em transformação. MÁRIO – Vocês disseram que es- tamos inexoravelmente fadados ao crescimento, e ocorreu-me que a Grécia faliu, assim como Islândia, Portugal, Espanha – que era tida como modelo mundial de um país do terceiro mundo que foi incor- porado à Comunidade Econômica Europeia – e agora a Itália. Não veria problema se daqui a um ano estivéssemos sentados aqui com o dólar a R$ 3,40, por conta de uma retirada de dinheiro em função da chamada redução de risco. Hoje, por exemplo, as Bolsas estavam todas catastróficas por causa da Itália, caindo 2% no começo do dia. Se isso acontece não sei se a presidente consegue segurar. Precisamos estar ligados a isso porque os cenários de Islândia, Grécia, Espanha, Portugal e Itália são recentes. Se alguém falar que a bola da vez é a França, as pessoas não ficarão espantadas. Aconteceu aos Estados Unidos em 2008. É lógico que pode acontecer com a França. Mas a pergunta é: quais são os sonhos culturais e de consumo dessa classe C que está virando classe média? Sem consi- derar a geladeira, que não é mais essencial, quem são essas pessoas e no que a sociedade de consumo pode atendê-las? MARCOS – O sonho de vida des- se consumidor da classe C é ver

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