Revista da ESPM - MAI-JUN_2007

Entrevista 38 R E V I S T A D A E S P M – MAIO / JUNHO DE 2007 GRACIOSO – A empresa de sua família, a Toga (Dixie Toga) foi pioneira no setor de embalagens no Brasil. Vocês acompanharam a introdução de materiais, o desen- volvimento de embalagens cada vez mais modernas. Conte sobre esse tempo; por que vocês apos- taram nesse negócio? SÉRGIO HABERFELD – Meu avô veio para o Brasil, a mando de uma gráfica alemã, para atuar na área de tipos para impressão. Mas ele era judeu e – por conta da guerra – foi demitido, em 1934. No ano seguinte, percebendo que havia uma oportunidade aqui, para pa- péis de embrulho, tipo fantasia, resolveu montar uma gráfica. Na época havia poucas embalagens específicas para os produtos. Mui- tos produtos alimentícios eram, simplesmente, embrulhados. Ele começou fazendo embalagens com matéria-prima importada – papel parafinado. O primeiro produto foi o fermento Fleis- chmann. Meu avô imprimia, em litografia, no papel importado e entregava ao cliente as folhas, e o fermento era embrulhado a mão. Esse foi o início. Durante a guerra o meu avô teve a chance – por ser negociante e conhecer seu negócio – de conse- guir alumínio. Começou a fabricar, então, as primeiras embalagens de alumínio, como a de Alka- Seltzer. A partir daí entraram em rotogravura. Em 1947, meu pai foi para os Estados Unidos para fechar a compra da primeira máquina de impressão de rotogravura para embalagem, do Brasil, que fez, aqui, as primeiras impressões em alumínio e celofane, uma coisa fantástica para a época. A mesma máquina que imprimia alumínio para Alka-Seltzer fazia o celofane para o Sonho de Valsa. A grande evolução foi nos anos 50. Eram feitas as embalagens para o sabonete Gessy; os clientes de cigarro também eram muitos – Hollywood, Luiz XV, outras mar- cas que nem existem mais. O fil- tro, na ponta do cigarro, precisava ser impresso com tinta especial para não envenenar os usuários... era feito com papel importado da Finlândia. Também se começaram a fazer saquinhos – até então um proble- ma. Trouxeram a primeira máquina extrusora de polietileno. A primei- ra máquina desse tipo no mundo era da Alsa 100 Alumínio, em 1954. Meu avô trouxe uma para o Brasil, em 1956, usada, e iniciou a produção de saquinhos para os produtos Maggi, da Nestlé. GRACIOSO – Lembro que foi nessa época a expansão dos super- mercados, criando a necessidade de embalagens modernas, com apelo visual... SÉRGIO HABERFELD – O grande problema era a dificuldade de matéria-prima. Eu mesmo ainda vivi isso, mesmo tendo começado a trabalhar em 1965. Naquela época, era tudo em folha, não se fazia quase nada em bobina a não ser para cigarro. Aqui se produzia celofane, mas a qualidade era péssima. “MUITOS PRODUTOS ALIMENTÍCIOS ERAM, SIMPLESMENTE, EMBRULHADOS.”

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