Revista da ESPM - MAI-JUN_2007

Entrevista 40 R E V I S T A D A E S P M – MAIO / JUNHO DE 2007 fazer máquina a partir da planta de uma máquina suíça para fazer uma máquina de rotogravura. Desen- volvemos, por exemplo, o PVDC, que é o saram. Em 1961, a Lever chamou meu pai e disse: “Só temos fornecedores de caixa em off-set e precisamos em rotogravura, porque temos de criar uma proteção para Omo não empedrar”. Não existia uma tecnologia para fazer um pó que não absorvesse a umidade da caixa e não empedrasse depois de algum tempo. Criou-se, então, o cartucho, tudo em rotogravura, em rolo. Nós im- primíamos o papel, aplicávamos PVDC – uma camada plástica – em cima, colávamos no cartão, fazía- mos o corte vinco e saía a caixinha na outra ponta, para que a Lever colocasse o pó e não empedrasse. Tudo isso era desenvolvido aqui. Só tinha um problema: quando corria o líqüido muito rápido for- mavam-se bolhas, que estouravam na fase de aplicação. Descobrir isso levou um século! É preciso lembrar que as multi- nacionais queriam fazer aqui as mesmas embalagens que faziam lá fora, mas sem as mesmas con- dições. De certo modo, foi nossa sorte, porque nos forçou a desen- volver, pois éramos os únicos com profissionais de capacidade e competência para isso. Foi quan- do, realmente, crescemos, tecni- camente, no setor de embalagem. “OU TINHA POLIETILENO DEMAIS E DERRETIA TUDO, OU TINHA POUCO E NÃO FECHAVA.” Quando houve, então, a fusão da Lever com a Gessy, 1963/1964, passamos a fornecer embalagens para os sabonetes. Chegamos a ter 90% de produção da Lever de cartucho. Fomos também os pri- meiros a resolver o problema de rótulos de cerveja para que não encanoassem, pois com isso não entravam na máquina de rotular e enroscavam. É muito estranho que essas mudanças aconteceram - como tudo no Brasil – sem planejamento. Para se ter uma idéia, quando se criou a embalagem de poliéster metalizado para café, ela não podia ser usada. Tudo ainda era feito em saco de papel, porque o IBC estabelecia um prazo de validade, de 10 dias, para a embalagem. Não adiantava uma embalagem nova, porque não se mudava o prazo... Fomos os primeiros a ter uma máquina de metalização. Meu pai achou que o custo do papel colado com alumínio para cigarro era alto demais – o alumínio, como toda commodity , sobe e desce de preço. Numa dessas subidas, ele decidiu que tínhamos de achar um substituto. Descobriu uma firma na Espanha pioneira na metalização em papel, pois esse processo começou para friso de automóveis, nada tinha a ver com embalagem. Eles metalizavam o papel para cigarro. Compramos a máquina, mas havia um problema simples que nin- guém percebeu: o papel precisava estar seco para que a metalização grudasse. Se usássemos o papel de fibra curta, brasileiro, ele ras-

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