Revista da ESPM - MAI-JUN_2007

Sérgio Haberfeld 47 MAIO / JUNHO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M imitamos o mundo do consumo dos países ricos. Então temos um topo da pirâmide, que é exatamente igual ao Canadá ou à Europa, jovens sofisticados, com dinheiro sobrando, que se preocupa com identidade, nichos, hedonismo e tudo parece ser feito para essa pequena elite. Agora a base da pirâmide está pagando. O poder de consumo das massas no Brasil ainda vai crescer muito. Cito sem- pre o Samuel Klein, como exemplo, que vendeu no ano passado 1,2 milhão televisores, 12% da venda de televisores no Brasil – e não foi nos shoppings . E assim por diante. Não dá para fazer diferente – não só na embalagem – nos métodos, no desenvolvimento de novos produ- tos, ou se responde ao ambiente ou se fica sobrando... SÉRGIO HABERFELD – Concordo totalmente. Só que se necessita de embalagens em cima e em baixo. O triste é que o pessoal de baixo só sobrevive à custa de expedientes; a embalagem de combate só é viável com sonegação: o custo do imposto destrói a possibilidade de competir nesse mercado. Visitei fábricas de associados no interior. Esse pessoal é chamado de “plastiqueiro”. Numa delas, o local era de chão batido e havia uma impressora de rotogravura rodando a 20 metros por minuto, quando normalmente deveria rodar a 300. Não nivelaram a máquina, o cilindro balançava e a letra saía feia, em tamanho muito grande para sacos de arroz. E faltam es- cola, treinamento. O estoque de polietileno era tão grande quanto o nosso... Todo dinheiro que ele ganhava colocava no estoque. Quando questionei, respondeu- me: “Se fico com dinheiro, minha mulher, meus filhos gastam, então invisto na matéria-prima”. Eu não sabia se ria ou chorava, porque era um empresário, que poderia usar o dinheiro para girar, para melhorar a máquina, mas falta escola, falta educação. Visitei outros dois ou três desses locais, francamente hor- rorizado. E não pagavam imposto. A preocupação é não ser pego pela fiscalização; então mudam de endereço, muda CGC, muda tudo e ninguém os acha. Há, ainda, pro- blemas de roubo de carga de polie- tileno. Existe o pólo petroquímico do Limão, onde se compra material de polietileno roubado. FABIO – O que você pode dizer sobre a formação profissional, na área de embalagem? SÉRGIO HABERFELD – É extrema- mente necessário e válido. Não se pode esmorecer o esforço ou desistir, só porque o início é difícil. Criando o nome, fazendo os cursos certos, sendo profissional, sem em- buste ou falcatruas. Felizmente, isso começa a se difundir e as empresas estão, mais e mais, buscando pes- soas com formação e com maior preparo. “COMO É QUE SE JULGAM ESSAS DUAS COISAS? AFINAL, LATA É LATA!” ES PM

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