Revista da ESPM - MAI-JUN_2007

Mesa- Redonda necessidade da sociedade, à deman- da do consumidor – que checamos, principalmente por meio de pesqui- sas e de manifestações espontâneas que nos chegam – junto com o desenvolvimento sustentável. Acho que o grande desafio que a Unilever tem, hoje, é justamente este, pois não posso baixar a participação da embalagem no custo a 10%, e não 20 ou 30%, sem levar em conta, por exemplo, se será possível reciclá-la, ou não. E aí tentamos, de alguma maneira, integrar essas duas neces- sidades. Acrescentando ao que a Luciana nos expos sobre o papel da embalagem, trata-se, sobretudo, de um item de educação: tentar mudar hábitos, passar, por meio de uma simbologia simples, a idéia de que material seja reciclável; o que remete para “eu posso dar um novo destino”, pois a partir do momento em que ela perde o valor após o uso, ganha, novamente, na próxima ca- deia. Então, a Unilever foca não só a parte de inovação – onde se possa buscar matérias que sejammais ade- quadas em termos de design, uso e principalmente sustentabilidade, meio ambiente –, mas também na outra ponta, facilitando o manuseio, estocagem, distribuição, o trabalho das cooperativas... Não podemos es- quecer que o Brasil, hoje, ocupa um papel de destaque no cenário mun- dial, em termos de reciclagem. GRACIOSO – Acho que está na hora de discordarmos. Não é possível que – numa mesa com tanta gente – não haja diferenças de opinião. Vocês falam sob aspectos ou ângulos que se complementam. A Juliana falou mais explicitamente do sentido estratégico que deve ter a embalagem. E é curio- so que o propósito do nosso Núcleo de Embalagem é justamente difundir esse conceito. O tema da Revista será A nova fronteira da embalagem , e essa nova fronteira, para nós, é o seu papel estratégico. Imaginem um triângulo com três variáveis: uma delas é a sustentabilidade; a outra é o custo e a terceira é o papel da em- balagem no marketing. E aí podemos distinguir entre posicionamento do produto e comunicação com o con- sumidor. Lembro que, há 30 anos, quando o mercado de cerveja era dominado pelas marcas tradicionais, em garrafa – Antarctica, Brahma –, al- guém achou que deveria lançar uma terceira marca – Skol – posicionada para os jovens, a primeira cerveja em lata do Brasil. A embalagem fez o milagre. A Skol, hoje, é a marca mais vendida no Brasil e foi a embalagem que a posicionou como “coisa para gente jovem”. O Celso falou sobre o papel comunicador da embalagem de marcas próprias, mas eu diria que toda e qualquer embalagem tem essa obrigação, inclusive porque a propa- ganda brasileira – e mundial – está cada vez menos informativa. Os comerciais pouco informam sobre o produto. Vocês não falaram sobre o que, para mim, é a segunda natureza da embalagem – a inovação, a rapi- dez com que ela evolui. E há outros itens, como sustentabilidade. Antes que as leis obriguem os fabricantes a tomar juízo, eles deveriam agir por conta própria. E, finalmente, o custo das embalagens, no Brasil, é alto demais. Então, como reduziremos esses custos? Isso tudo, só uma visão estratégica pode resolver. LUCIANA – Os dados da ABRE mos- tramque a indústria de embalagemtem sua produção voltada 75%para o setor de consumo. Essas empresas travam entre si uma competição global – mul- tinacionais lutando com empresas

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