Revista da ESPM - MAI-JUN_2007
A nova fronteira da embalagem locais, todas brigando por ummesmo consumidor. A competição – nesses bens de consumo não duráveis – é acirrada e o grande apelo é a inovação ou a apresentação desse produto, feito justamente por intermédio da embalagem. Alimentos, bebidas pre- cisam renovar sua embalagemde dois em dois anos. É um mercado muito dinâmico e quem não se destacar perante o consumidor vai perder es- paço para o concorrente. JR – Mas renovar para parecer mo- derno ou para ser melhor? LUCIANA – Os dois. Ele tem de ser melhor, apresentar um valor a mais para o consumidor. Se é igual aos seus concorrentes, vai brigar em ter- mos de preço, no ponto-de-venda, vira commodity . E precisa, também, apresentar-se à nova geração que está entrando no mercado – seu novo público-alvo. A embalagem es- tabelece uma empatia no momento da compra, é o aval de compra, mas vai sofrer também uma cobrança do consumidor: depois de comprar, ele vai querer ainda qualidade e garantia. FABIO – A Nielsen apresentou um estudo no Congresso Brasileiro de Embalagem, mostrando que 80% dos lançamentos de produtos de consumo estão fora do mercado em dois anos. E cerca de 25% dos produtos de um supermercado são renovados anualmente. A causa principal dessa mortalidade é a falta de inovação, de benefício real ao consumidor. A embalagem é importante, porque é difícil inovar no produto, difícil mudar a sua natureza, mas a embalagem pode ser mudada e muda a percepção do produto, posiciona-o de forma dife- rente. Um caso, que usamos como exemplo, na ABRE, é que, quando você apresenta uma novidade que traz algum benefício percebido pelo consumidor, isso aumenta em 73% a chance de sobrevivência e de sucesso do produto. ROBERTO – Os planos de negócios – que são feitos anualmente entre o varejo e a indústria – já estão exi- gindo que a indústria traga, anual- mente, produtos inovadores, porque o consumidor quer, e o papel do varejo é esse: levar ao consumidor, cada vez mais, produtos que não morram depois de dois anos. O varejo está forçando a indústria a inovar. CELSO – O que o varejo busca é algo que atinja emocionalmente o consumidor. Falamos muito em esti- lo de vida, um posicionamento mais com a cabeça do consumidor. Na verdade, não sei se a preocupação é que o bem dure. Trabalhamos com milhares de SKUs (unidade de produto,) nas gôndolas e isso, na verdade, atrapalha o consumidor, em vez de ajudar. Há até uma dis- cussão, se a quantidade não é exces- siva. Mas a novidade é necessária. Hoje, o consumidor começa a fazer exigências, como a de alimentos mais saudáveis, e não conseguimos ter tantos orgânicos, devido ao preço. Mas tanto a indústria de embalagem quanto o resto da indústria vêm procurando atender a esse consumi- dor, mantendo custos adequados. Há várias tecnologias possíveis e formas de se atingir isso. SILVIA – Sobre o aspecto da sus- tentabilidade, que o Prof. Gracioso mencionou: agora, além do design e de todos esses detalhes em que se pode inovar, vêm as considerações sobre embalagem e o meio ambiente. É um assunto importante que chega a seduzir a população, que não tem conhecimento técnico para avaliar até que ponto essa ou aquela embalagem, desse ou daquele material, é melhor ou pior para o meio ambiente. A verdade é que não existe ummaterial específico de que se possa dizer “esse material é melhor que os outros”. Cada um tem a sua função e todos, necessariamente, terão algum impacto ambiental, seja para o solo, seja para a água ou para o ar. Mas fala-se muito do ecomarketing; se a palavra “biode- gradável” é boa e vende, então o ma- terial melhor é o biodegradável. Mas isso, em termos de meio ambiente, é uma falácia. GRACIOSO – A Unicamp anunciou esta semana que já é possível fabricar “A LATA DE COMIDA DE GATO NÃO CORTA MAIS; HOJE ABRE FÁCIL.”
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