Revista da ESPM - MAI-JUN_2007
Mesa- Redonda uma bioespuma, exatamente igual ao isopor, na aparência, mais barata e totalmente biodegradável. Imagine o problema que vão resolver porque o isopor leva 99 anos para se decompor. Prova que o Brasil tem uma consciên- cia ecológica acima da média. Talvez porque vivamos numpaís pobre – que ainda não resolveu problemas de sa- neamento básico. LUCIANA – A Silvia poderia explicar por que omaterial biodegradável, prin- cipalmentenos centros urbanos, émais um problema do que uma solução. SILVIA – Quando a biodegradação ocorre na ausência de oxigênio, ela gera metano – e o metano é 21 vezes pior para o efeito estufa do que o CO 2 . Então, qualquer produto biodegradá- vel que vá para o aterro sanitário – onde a biodegradação ocorre de for- ma anaeróbica, ou seja, sem oxigênio – produzirámetano. A biodegradação só é positiva quando os materiais bio- degradáveis são encaminhados para usinas, onde ocorra a biodegradação e o que se gera, no final, é umcomposto que pode ser utilizado como adubo ou para outros fins. CELSO – Quantas dessas usinas exis- tem hoje? SILVIA – No Brasil, somente duas, e fazem compostagem de menos de 1% de todo resíduo biodegradável do país. Outro dado importante é que do resíduo sólido urbano, mais de 50% são restos de alimentos – material 100% biodegradável e natural – e se for para o aterro sanitário, o sub- produto será metano. E, nos aterros sanitários, fazem aquelas chaminés, que queimam o metano para trans- formá-lo em CO 2 e torná-lo menos poluente. A biodegradação, nessas condições, não é uma solução. FABIO – Essa análise da Silvia nos leva a uma outra reflexão: calcula-se que, no Brasil, 30% dos alimentos sejam perdidos entre a lavoura e a mesa, por deficiência ou falta de embalagem. E mais de 50% dos resíduos urbanos constituem-se de resíduos orgânicos, ou seja, são res- tos de comida. Então, quanto mais embalagem houver, diminuem-se mais a perda e o lixo. LUCIANA – A indústria de em- balagem está passando por um momento delicado, pois justamente um assunto tão decisivo e estratégico para ela, como a questão ambiental, está sendo discutido, de forma geral, com pouco conhecimento, por toda a sociedade. Isso poderia levar-nos à criação de um “selo verde”, por exemplo, que, colocado em uma embalagem, mostraria ao consumi- dor que ela é ambientalmente ade- quada. Mas isso é uma armadilha e um risco muito grande porque o selo seria uma informação estática, que não mostra que benefício ambiental trouxe aquela embalagem. Assim, a embalagem é, hoje, uma aliada da indústria para levar ao consumidor as informações estratégicas e ambi- entais sobre o seu descarte. Através de um programa de autodeclaração, na rotulagem, a empresa pode abrir, de maneira clara e educativa, para o consumidor quais são as vantagens daquela embalagem, se é feita de material reciclado ou se pode ser reciclada, trazendo a informação de como deve ser descartada. “A FUNÇÃO DA EMBALAGEM NÃO É SÓ ABRIR; É MUITO MAIS FECHAR.” “NÃO BASTA COMUNICAR O ENDEREÇO NA WEB, OS SITES SÃO MUITO RUINS.”
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