Revista da ESPM - MAI-JUN_2007

Mesa- Redonda têm dificuldades de aplicar as me- lhores soluções. CELSO – No Brasil, onde a camada maior da população é de baixa renda, há uma guerra, em termos de preços. Nos produtos de posicionamento diferenciado, mais caros, é mais fácil tomar as medidas para que a embalagem, além de criar barreira de conservação do alimento, tenha praticidade. Mesmo assim, acho que evoluímos bastante, a maioria das embalagens atuais são mais práticas. JULIANA – Concordo, mas só em parte. Há ferramentas extremamente eficientes hoje, como a análise de ciclo de vida – sem entrar no lado técnico – é o que analisamos desde a fabricação da matéria-prima até o descarte final. Mas discordo da questão de custo, pois, muitas vezes, uma solução mais cara, do ponto de vista ambiental, pode ser socialmente mais barata, ou traz possibilidades de otimização de transporte, maior volume trans- portado por menos cargas. Então, menor emissão atmosférica, menor consumo de combustível etc. Con- segue-se fazer um balanço quando se analisa a cadeia como um todo. Na questão do consumidor, J. Rober- to, você reclamou para as empresas fabricantes dos produtos, sobre as embalagens? JR – Sou um dos consumidores mais chatos do Brasil. Como sou jornalista, reclamo sempre, pois essas coisas me dão assunto. Mas você tem razão, especificamente em relação à sua em- presa, que temumótimo atendimento. Mas não é o caso da maioria. GRACIOSO –Acho,J.Roberto,quevocê nãoestásendojusto.Aquestãodocusto, no Brasil – que é umpaís pobre – é cen- tral, e a qualidade das embalagens, dos automóveis,tudo...éofamosotriângulo, um compromisso e não se pode ficar apenas com um dos ângulos. Gostaria de tratar mais do tema “comunicação com o consumidor”, que é vital para a embalagem, como posicionadora do produto. Certamente, cadaumdevocês tem experiências, idéias próprias, que poderíamosdebater.Porexemplo,aUni- lever realizou um tremendo trabalho de remodelaçãodeembalagensemfunção donovo logotipo.A Julianapoderia falar sobre o aspecto da comunicação. JULIANA – Hoje em dia, é tanta informação, tanta coisa que se precisa ou se quer passar, seja do ponto regulatório ou de educação. Por exemplo, a categoria de produ- tos pessoais exige quantidade de informações. A embalagem, sem dúvida, exerce papel fundamental no relacionamento com o con- sumidor. Mas ela não consegue se sustentar sozinha, pelo tempo que o consumidor pode despender, seja na gôndola ou em casa, para poder ler tudo e conseguir entender. São muitas as informações. JR –Há tambéma questão da alfabeti- zação, do nível de instrução... JULIANA – Para quem não tem infor- mação técnica, nem adianta passar pela lista de ingredientes porque não vai entender. A embalagem precisa ser apoiada por todos os outros meios de comunicação que, muitas vezes, vão desempenhar um papel mais eficiente do que a embalagem, cujas finalidades primeiras são proteção, transporte, estocagem... JR – Emque áreas a embalagemseria o fator determinante, na comunicação? GRACIOSO – No varejo, por exem- plo, houve época emque o fabricante estava muito à frente do varejista, en- sinava-o a trabalhar e usava o espaço da loja a bel prazer com cartazetes, banners , etiquetas etc. Hoje em dia, o varejo quer ver o próprio produto nas gôndolas. Quando há algumma- terial, é dele e não do fabricante. No ponto-de-venda – a não ser naquelas raras ocasiões em que há alguém demonstrando produtos – eles têm de depender da embalagem. Por exemplo, o painel frontal do OMO: ele comunica muito bem. Se quiser mais informações, pode-se ler o verso, as abas, mas o painel frontal traduz muito bem o que OMO fará por você. “RECICLAGEM É UMA ATIVIDADE INDUSTRIAL, NÃO TEM NADA A VER COM O MEIO AMBIENTE.”

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx