Revista da ESPM - MAI-JUN_2007

A Geni da sociedade indústrial 84 R E V I S T A D A E S P M – MAIO / JUNHO DE 2007 elas. Mas será que, de fato, reduzir o uso de embalagens traria impactos positivos para o meio ambiente? Nem sempre as embalagens vistas como desnecessárias de fato o são; uma realidade que pode facilmente passar despercebidas aos mais des- informados, já que a embalagem desempenha funções que acabam por exigir dela determinadas carac- terísticas que, aos olhos dos consumi- dores, podem parecer excessos. A primeira (e talvez a mais impor- tante) dessas funções é proteger o conteúdo, preservando suas características e garantindo a sua integridade até o momento do consumo. Embalagens inadequadas e a ausência de embalagem são as responsáveis, para usar um exemplo extremo, pelo alto índice de perdas de frutas, legumes e verduras no Brasil no transporte da lavoura até o varejo. Produtos mal protegidos que se danificam têm como destino mais provável o lixo. Embalagens adequadas, portanto, ajudariam a estancar essa fonte de geração de resíduos, principalmente num país com as dimensões do Brasil, dotado de uma infra-estrutura precária de distribuição. Além dos “excessos” na proteção, há também quem critique o exagero das embalagens individuais, um há- bito que privilegiaria a conveniência em detrimento do meio ambiente. Afinal, um corolário natural da premissa de que a redução no uso de embalagens diminui o volume de lixo urbano é o de que uma embalagem “tamanho família” seria necessariamente melhor, do ponto de vista ambiental, do que uma embalagem individual. Ocorre que outra função que a embalagem exerce é a de proporcionar, isto é, criar porções adequadas à situação de consumo a que o produto se destina. Numa sociedade com um número crescente de consumidores single ou com comportamento single (aqueles que, mesmo morando em núcleos familiares maiores, têm hábitos de consumo individual), a embalagem “família” muitas vezes não faz sentido. De nada adianta, por exemplo, ter um pacote com 500 g de biscoito se o consumidor não for comer tudo. O destino quase inevitável do excedente é o lixo. Nesse caso, portanto, embalagens NOBRASIL, NOTRANSPORTEDA LAVOURA ATÉ AO VAREJO, PRODUTOS MAL PROTE- GIDOS QUE SE DANIFICAM TÊM COMO DESTINO MAIS PROVÁVEL O LIXO.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx