Revista da ESPM - MAI-JUN_2007
Marcos Palhares 85 MAIO / JUNHO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M individuais, ainda que, quando comparadas com as embalagens maiores, resultem num volume mais significativo de material a descartar, são uma solução mais adequada, uma vez que reduzem o volume total de lixo gerado. A única possibilidade de uso desnecessário ou excessivo de em- balagens, portanto, está na função de comunicação que a embalagem tem no ponto-de-venda. Com cada vez mais produtos concorrendo nas gôndolas, o apelo das embala- gens tem se tornado vital para o sucesso de muitas marcas. Dadas as pressões competitivas, a utilização de embalagens em excesso parece pouco plausível para a maior parte dos bens de consumo, visto que representam custo extra para as empresas. O que se vê na prática é justamente um esforço contínuo da indústria de embalagens para desenvolver embalagens mais leves e que consumammenor quantidade de matérias-primas, tentando superar os limites impostos por barreiras técnicas e aspectos logísticos. Mas não seria hipocrisia querer com- parar o lixo gerado pelas embala- gens, muitas vezes feitas de material de difícil degradação, com o material orgânico que elas ajudam a evitar? Mais uma vez, é preciso não se deixar levar pela emoção. O fato é que, nos aterros sanitários, os detritos não estão expostos nem à luz, nem ao oxigênio, o que torna impossível a sua biode- gradação. Dessa forma, mesmo omais inofensivo pedaço de pão pode passar décadas semse decompor, ocupando, muito provavelmente, mais espaço do que a sua embalagem original. O desafio para as pessoas envolvidas no dia-a-dia das empresas com as de- cisões de embalagens – especialmente as de bens de consumo, que acabam por ter contato mais direto com o consumidor final é, portanto, extrema- mente complexo: por um lado, há que se assegurar que os produtos, pelos quais são responsáveis, obedeçam às exigências legais e às demandas dos consumidores, sendo atraentes no ponto-de-venda, eficientes nas linhas de enchimento e no transporte e eficazes na proteção dos produtos que acondicionam, sem perder de vista o impacto que podem ter sobre o custo final do produto; por outro lado, deve-se tomar cuidado para evitar que os produtos que carregam as marcas de que cuidam sejam vistos como “geradores de lixo”, ainda que tal percepção seja descabida. Para isso, um primeiro e importante passo é mostrar aos consumidores que a embalagem não é um “mal necessário”, mas uma ferramenta importante não apenas para os negócios, mas também para a redução na geração de resíduos. NUMA SOCIEDADE COM UM NÚMERO CRESCENTE DE CON- SUMIDORES SINGLE OU COM COMPORTAMENTO SINGLE (AQUELES QUE, MESMO MO- RANDO EM NÚCLEOS FAMI- LIARES MAIORES, TÊM HÁBITOS DE CONSUMO INDIVIDUAL), A EMBALAGEM “FAMÍLIA” MUITAS VEZES NÃO FAZ SENTIDO. MARCOS PALHARES Diretor da revista EmbalagemMarca. Texto adaptado de dissertação de mestrado defendida na Saïd Business School, na Universidade de Oxford. O FATO É QUE, NOS ATERROS SANI- TÁRIOS, OS DETRITOS NÃO ESTÃO EXPOSTOS NEM À LUZ, NEM AO OXIGÊNIO, O QUE TORNA IMPOS- SÍVEL A SUA BIODEGRADAÇÃO. DESSA FORMA, MESMO O MAIS INOFENSIVOPEDAÇODE PÃOPODE PASSAR DÉCADAS SEM SE DECOM- POR, OCUPANDO, MUITO PROVA- VELMENTE, MAIS ESPAÇODOQUE A SUA EMBALAGEM ORIGINAL. ES PM
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