MAI-JUN-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 108 A empregabilidade ba- seia-se numa recente nomenclatura dada à ca- pacidade de adequação do profissional às novas necessidadesedinâmica dos novos mercados de trabalho. Com o advento das novas tecnologias, globalização da produ- ção, abertura das econo- mias,internacionalização docapitaleasconstantes mudanças que vêm afe- tando o ambiente das organizações, surge a necessidade de adap- tação a tais fatores por parte dos empresários e profissionais. No Brasil, o termo empregabilidade foi utilizado pela primeira vez, no fim dos anos 90, como referência à capacidade de um profissional estar empregado e, consequentemente, ter a sua carreira protegida dos riscos inerentes ao mercado de trabalho 1 . E, de tal modo, as empresas pas- saram a ditar o tipo de competên- cias necessárias para a admissão e manutenção de profissionais em seu quadro de empregados. Portanto, a ideia de ter empregabilidade sempre esteve associada ao conceito de com- petências individuais, como preparo técnico, comunicação oral e escrita, espírito de liderança, conhecimento de informática e recursos tecnológicos, entre tantas outras quanto possível (GAZIER, 1990). Atualmente, o fim de boa parte dos empregos, o surgimento de novas formas de contrato de trabalho, a necessidade de empreendedores, a reinvenção de profissões e uma certa dose de instabilidade na perpetuação das empresas, aliadas, no caso brasileiro, ao cres- cimento de ummercado de trabalho informal, são algumas das mudanças no cenário do mercado de trabalho capazes de nos remeter ao questionamento sobre o uso adequado do termo empregabilidade . Num primeiro momento, é necessário enfati- zar que, mesmo diante do termo rejuvenescido, adaptado às novas formas de trabalho, é fato inconteste que manter-se minimamente no mercado de trabalho tem relação direta com o processo de educação básica, situação que faz aumentar ainda mais a preocupação com a empregabilidade dos jovens, particularmente no caso brasileiro. Isso porque somente uma política forte na área do ensino seria capaz de afetar de forma decisiva a empregabilidade de sua população no futuro, seja qual for a forma ou contrato de trabalho. Essa situação vem sendo agravada nos últimos anos: entre os empregados de baixa renda (consequente- mente, aqueles com menor acesso a uma edu- cação de boa qualidade e à profissionalização de um modo geral), houve uma considerável queda no nível de emprego para a faixa etária compreendida entre 15 e 24 anos, contra um aumento do número de empregados de faixas etárias mais elevadas. Os empregados naque- la faixa etária representavam quase 20% da população de empregados sem qualificação e foram reduzidos a menos de 10% nos últimos anos. Enquanto isso, no mesmo período, a população de baixa renda com faixa etária superior a 50 anos de idade saltou de 21% para quase 35%de representação entre os trabalha- dores naquela situação 2 . Ora, se considerado o fato de que ao passar do ensino médio para o ensino superior, a taxa de empregabilidade de qualquer jovem passa de 68 para 78%, o grau de preocupação com os cidadãos brasileiros aumenta ainda mais diante da constatação de que, na faixa etária entre 15 e 17 anos, estima-se que cerca de 25% dos jovens abandonaramos estudos para gerar renda para a família, comprometendo, auto- maticamente, a possibilidade de manterem-se mais bem inseridos no mercado de trabalho 3 . Entretanto, de forma lamentável, não se pode afirmar que o simples acesso à educação básica seja capaz de levá-los rapidamente ao encontro de oportunidades de trabalho. É que mesmo com o galopante crescimento da taxa de es- colarização da população entre 7 e 14 anos de idade (ensino fundamental), passando de 58%, em 1978, para aproximados 95% no final desta década, a massificação do ensino veio acompanhada de péssima qualidade, o que dificulta a permanência dos jovens nos bancos escolares e os distancia, ainda mais, dos cursos de nível superior 3 .

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