MAI-JUN-2011
R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 124 } Se viesse uma pessoa que falasse a empresa antes de tudo, ela não seria admitida na minha empresa. ~ jovens é surpreendente a capaci- dade que eles têm de empreender e realizar. O Google tem uma realidade interessante: trabalha- mos com pessoas ambiciosas e realizadoras, mas ao mesmo tem- po conseguimos ter um ambiente de t raba l ho em equ ipe, onde as pessoas se ajudam. Isso não ocorre em outros mercados, onde o incentivo à alta performance e à remuneração elevada faz com que as pessoas passem a ser mais indiv idualistas e competitivas. Como recrutadora do Google, fico surpresa com a qualidade dos pro- fissionais, mas estamos falando de uma minoria, uma elite. Quando cito comunicação rasa, falo de uma população muito maior do que essa que efetivamente participa e entra no Google. Essa crítica inclui desde a falta de capacidade de fazer análise das informações até o aprendizado de um segundo idioma. No Google, o inglês é um fator e muitas vezes observamos que as pessoas, por falta de opor- tunidade ou mesmo de interesse, não se desenvolveram nesse ponto. Certa vez, trabalhando no projeto Menor Aprendiz para Belo Hori- zonte (MG), entrevistei um rapaz e uma moça – jovens de 17 anos, em idade de prestar vestibular. Perguntei como era um dia típico deles. Ele respondeu que acordava, ajudava a mãe, tomava café, fazia academia, ia para o trabalho e à noite estudava. Quando perguntei à menina ela respondeu que estava de férias, acordava ao meio-dia, da cama esticava o braço para ligar o computador e ver se tinha alguma novidade no Orkut, à tarde assistia televisão... No caso desses me- nores aprendizes, eram jovens de famílias mais simples, os pais não tiveram oportunidade de ter acesso à universidade e, no entanto, minha interpretação foi que tinha muito a ver com a base familiar, como a fa- mília estava ajudando aquele jovem a encarar a vida profissional. Fiquei muito impressionada e foi muito fácil escolher. CÉLIA – Quem você escolheu? MONICA – O menino, natural- mente, que é uma pessoa muito esforçada. Entrou num escritório de engenharia de computação, estava prestes a fazer vestibular, optou por engenharia da computação e ficou encantado com o que encon- trou, foi uma oportunidade única. Ela talvez seja uma menina muito esperta, inteligente, mas não tinha entendido que estava num ambiente corporativo e não era essa a resposta que precisava dar. Costumo brincar que as pessoas vão bem numa en- trevista porque sabem que resposta é algo importante. Nessa questão de comportamento é difícil quando falo das pessoas que chegam ao Google, mas a massa é muito diferente. JOANA – Ainda assim, creio que podemos contribuir nessa educa- ção. Comecei a trabalhar no mun- do corporativo muito tarde e me deparo com pessoas muito jovens trabalhando na minha empresa. São jovens de 19 anos, que já estão cursando o segundo ou terceiro ano da faculdade, porém muito imaturos. Neste caso, ainda dá para se fazer alguma coisa. Diante dos 11 anos dessa pessoa na escola
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