MAI-JUN-2011

maio / junho de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 125 } Não sei se todos têm acessado a si- tuação na Líbia ou no Irã, mas estão in- teressados em temas que para nós são irrelevantes, como a vida de uma cele- bridade ou a música do momento. ~ básica e no ensino médio, além dos 18 anos que passou em casa, óbvio que a nossa contribuição será uma gota de chuva no deserto, mas ain- da assim é válida. Uma iniciativa educacional na qual acredito muito é o Programa de Mentorig (desen- volvimento de carreiras por meio de um mentor), onde se consegue pôr jovens recém-formados, de 23 a 25 anos, em contato com pessoas mais maduras, que já trabalharam em empresas e sabem indicar as respostas e os caminhos a serem seguidos. A empresa deve assumir o papel de coeducadora e alinhar expectativas. Esse posicionamen- to não vai mudar a atitude mais intrínseca de uma pessoa, mas irá ajudá-la a crescer profissio- nalmente. MÁRIO – As pessoas se queixam de trabalhar muito tempo. Nas multinacionais ligadas ao Oriente precisam atender telefonemas na madrugada, por causa do fuso horário. Nesse ambiente, os pro- fissionais têm tempo para formar alguém? Se pegarmos a área de humanidades aplicadas e ciências sociais, nos cursos de economia e administração, você não forma profissionais porque a escola acha conveniente ter 200 horas de ética, 300 de psicologia, 500 de filoso- fia. Formam-se profissionais que vão se adaptar a um mercado de trabalho que canibaliza cada vez mais pessoas, v ira um moedor de carne. Uma frase que define o mercado de trabalho atual é: “De olho nas promoções e nos bônus, passar o colega para trás começou a ser atitude elogiável, assim como trabalhar mais horas, mesmo que em prejuízo da v ida familiar e do ócio, mesmo que muitos não admitam”. Até que ponto a escola poderia preparar um profissional ético e humanista, mesmo que fosse desvinculado do imediatis- mo, da alta produtividade e da alta performance cobrados cada vez mais pelas empresas? MARCO – Querendo ou não, a empresa educa, já que dá uma direção para a pessoa, articula valores e uma série de questões. Se não tem tempo, essa empresa está fazendo de qualquer forma. Esta é muito mais uma revisão de como penso uma organização. Partimos para o mundo do desenvolvimento de lideranças, dos modelos, da identidade organizacional, porque se a empresa não lidar com essas questões, vai educar de qualquer forma. Mas não é só ela a respon- sável por isso. Há todo um con- junto de atores sociais que estão presentes no desenvolvimento de uma pessoa. Em algum momento, e para algumas empresas, já se começa a questionar se essa forma de educar também gera resultados. No Santander − que represento aqui − já se começa a questionar isso, porque a satisfação do clien- te está ligada à sensibilidade das pessoas, que está ligada à estética e ao desenvolvimento individual. Não é só a questão da educação em si, mas toda a cadeia que pode se desmanchar caso a empresa não interfira nesse processo. NAPOLE – Fa lamos mu ito da empresa e da formação, mas o em- prego formal, como o conhecemos, representa uma parcela pequena da população brasileira. E isso é uma falha da universidade, que não forma empreendedores, mes- mo sabendo que historicamente a probabilidade de o aluno ter um emprego de qualidade, com cartei- ra assinada, ao se formar, é baixa. Estamos falando do filé mignon do emprego. Então, é óbvio que essa empresa vai recrutar, selecionar e pegar o suprassumo, porque é uma questão de oferta e demanda. O mercado está aquecido e o jovem pode escolher para onde quer ir. Já as empresas acabam aceitando não exatamente o padrão que gostariam. Quando se pensa na informalidade e na formação, exis- te uma crise grande no país e nos enganamos ao achar que estamos ajudando os jovens a encontrar um caminho. Li uma pesquisa recente que afirma: os pais se consideram responsáveis pelos filhos até aos sete anos. Até essa idade, eles ofe- recem a essa criança o que existe de melhor no mercado − um Plays- tation, uma viagem para a Disney. Quando completa sete anos, seus pais a entregam para a escola e a deixam fazer o que bem entende com sua educação. Mas raras são as escolas, públicas e particulares, que têm condições de educar, de

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