MAI-JUN-2011
R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 126 } O mercado está aquecido e o jovem pode escolher para onde quer ir. ~ fato, para a humanidade ou para o que quer que seja. Educar é uma tarefa da família, da sociedade, da comunidade da qual a escola faz parte. Aqueles que conseguem vão para a universidade. Hoje temos uma explosão de entrada de pessoas das classes C e B nas universidades e uma redução das pessoas de classe A. Algo muito perverso é que o filé mignon do emprego, da universidade, é para um grupo cada vez menor. Então, existe uma massa de pessoas que precisa de formação, para a qual as empresas são obrigadas a dar horas de voo, coaching , porque não pegam profissionais prontos. MÁRIO – Na ESPM temos um belís- simo núcleo de empreendedorismo. CÉLIA –Ao falarmos de empregabili- dade, não podemos desligar a forma- ção do emprego ou do empreendedo- rismo. Uma escola, seja ela qual for, parte de um modelo de como quer que seus alunos saiamda instituição. Todos os cursos são desenvolvidos com base no perfil do egresso, que é o nome técnico dado pelo MEC. A partir do momento que a empresa define o profissional que ela deseja, nós, aqui, montamos o curso para de- senvolver esse indivíduo. Aí, ocorre o primeiro problema, pois esse perfil mudamuito nas empresas. Por exem- plo, quando as empresas começaram a pedir experiência internacional ao aluno recém-formado, tivemos de fazer convênios com universidades estrangeiras para viabilizar isso. Depois, quando passaram a exigir inglês fluente, começamos a dar aulas em inglês. Quando pediram expe riência emONGs, também tentamos dar uma resposta nesse sentido. Não conseguimos responder com a mes- ma velocidade de mudança do mer- cado, porque pensamos emcursos de quatro anos e não dá para mudá-lo no meio. Talvez o que esteja faltando na sociedade brasileira é uma aproxi- mação maior entre empresa e escola. MARCO – Tenho outra forma de enxergar. Quando se fala “a gente prepara os eg ressos para uma empresa”, a gente quem? CÉLIA – A universidade. MARCO – Não vejo esse alinha- mento só das universidades, mas também das empresas. No país, essa discussão é fragmentada, salvo algumas iniciativas mais ali- nhadas. As organizações precisam de jovens críticos, mas que tenham capacidade de se relacionar e en- tender alternativas. O crítico, se for baseado numa teoria marxista, faz críticas interessantes, mas o mundo precisa articular várias formas de pensar. Fico no ponto do alinhamento ou como não tra- balhar de forma tão fragmentada? MÁRIO – O crítico também está ligado ao pensante, que envolve profundidade e know-how . Com exceção do que as universidades exigem, os alunos não conhecem o passado, que é abolido. Se mencio- narmos nomes de absoluta impor- tância na história do Brasil, como Médici, pouquíssima gente sabe. Se falar de Segunda Guerra Mun- dial, muitos não sabem absoluta- mente nada, e isso é documento em função do que percebi, porque não é exigido. O que acontece nas redes sociais, na internet, em todo esse rebuliço eletroeletrônico e cibernético é atual, é o fulano que
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