MAI-JUN-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 128 } Se mencionarmos nomes de absoluta impor tância na história do Brasil, como Médici, pouquíssima gente sabe. ~ dar seu tempo e seu sangue para a empresa. Vocês o contratariam? MONICA – Essa é a pessoa que procuramos no Google. Sim. MÁRIO – Honesto, aquilo que falei no início. MARCO – A organização é com- posta por 50 mil funcionários, não se pode dizer que são três ou 50, são sete mil gestores. Estamos falando de uma empresa que pode ter variações e isso é complicado. Por isso, educação é fundamental. Fabio Barbosa, nosso presidente do Conselho, fala do equilíbrio de sua vida quando discute com os jovens. MONICA – E ele é um exemplo para todo mundo, para qualquer executivo. MARCO – Acabamos de receber o Marcel Portela, que é o presidente da operação. E, no primeiro pro- jeto, ele disse que precisávamos lidar com a questão da qualidade de vida, também dando a mesma direção. Isso vai gerando uma di- nâmica tal dentro da organização, que tem impactos nos negócios. Entendo que, ao escolher pessoas assim, o Google deva ter impacto nos negócios também. Uma pes- soa de call center estressada, na relação com o cliente, é ruim para ela, para o cliente, para a solução do problema e, também, para a inovação, porque não há espaço para o novo. JOANA – Recentemente organizei um processo seletivo para jovens engenheiros, pessoas de univer- sidades cinco est relas, muitos empregados – 90% já estão em uma outra grande empresa. Nas dinâmicas de grupo, eles tinham de se apresentar, sendo que uma das perguntas era: por que você está aqui? E 95% das respostas eram o que eu espero da empre- sa, o que ela pode me dar, porque quero um plano de carreira, quero me desenvolver. É incrível. Estava esperando por um que dissesse porque a empresa é um lugar onde acho que posso contribuir para a sociedade ou onde a minha vida será melhor porque vou inovar. Mas nada disso aconteceu. Na hierarquia de famí l ia, Estado, empresa, diria que a minha expe- riência recente vem primeiro “eu”, depois “eu” novamente, e aí pode vir alguma outra coisa que não sei se é a família. Talvez tenha a ver com esse hedonismo, essa busca do prazer e mais nada. Agora, quando a empresa diz que res- ponsabilidade social é importante é uma tentativa de mostrar para esses jovens que a contribuição à sociedade pode ser prazerosa, isso educa. A responsabilidade social em si é bacana, é legal, mas não é só isso. É capaz de aumentar o repertório do aluno da ESPM que mora nos Jardins ou em Ribeirão Preto, e não conhece Capão Re- dondo. Quem sabe uma atividade social possa levar esse jovem a saber se comunicar também com uma fatia da população que pode ser importante para a vida dele, como funcionário ou empresário. Esse seu exemplo com os jovens é irreal, eles não falariam: em pri- meiro lugar vem a minha família – até porque talvez não tenham famí lia ainda e acima de tudo está o “eu”. Para um profissional, depende também do gestor. Se viesse uma pessoa que falasse a empresa antes de tudo, ela não seria admitida na minha empresa. CÉLIA – Hoje, muitas empresas começam a valorizar outros inte- resses do indivíduo – que ele tenha vida própria e não seja alguém que apenas trabalhe 20 horas. Ainda temos outras empresas com um modelo mais tradicional e que provavelmente contratariam ape- nas aqueles que dissessem que o emprego é a coisa mais importante na vida. Outra coisa que observo também nos meus alunos é que apesar de eles estarem nessa linha do hedonismo máximo, até porque são filhos, o recorte é social. Para entrar numa escola de primeira linha, esses alunos fizeram as melhores escolas secundár ias, primárias e isso vai coincidir com os pais de situação financeira dife- renciada. Infelizmente, no Brasil, o recorte é sempre social. São filhos de famí lias com poucos filhos, em muitos casos, filhos únicos. E

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