MAI-JUN-2011

maio / junho de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 129 } Nos cursos de economia e administra- ção, você não forma prof issionais porque a escola acha conveniente ter 200 horas de ética, 300 de psicologia, 500 de f ilosof ia. ~ } As empresas deveriam pensar qua- tro anos à frente para que tivésse- mos tempo de preparar esse aluno. ~ quando você é criado com todas as atenções da família para você, é difícil. Sou de uma família de sete irmãos e, para mim, o nós é absolutamente automático, porque dividia o quarto com mais quatro i rmãs. Hoje, é completamente diferente. Mas o que observo pen- sando nos meus alunos é que eles trabalham talvez como eu nunca tenha trabalhado na minha vida. Vejo jovens que têm jornadas de trabalho regulares de 12, 13 horas por dia e que vêm correndo para a faculdade. Alguns estão na pri- meira gerência, outros no primeiro cargo de supervisor – e estão num estresse enorme. Muito embora o desejo deles seja de lazer, prazer e vida familiar, a grande maioria está só trabalhando. MONICA – Uma pessoa que vem crescendo e que o único interesse dela é o trabalho, a empresa, não vai se encaixar. Quando se per- gunta como equilibrar isso, uma das formas que o Google acredita e está investindo é no equilíbrio do próprio ambiente, que pode ser através de espaços onde as pessoas podem jogar vídeo game ou ping-pongue, ou ainda trazer a família para dentro da empresa. É interessante porque muitas em- presas fazem isso – o dia em que os filhos vão conhecer o ambiente de trabalho dos pais. Não só fazemos isso, mas com muita frequência temos os filhos almoçando conos- co. Eles não precisam de um dia, podem vir a qualquer momento. O dia que meu sobrinho foi me visitar praticamente não trabalhei na parte da tarde, ficamos brinca- do e não teve problema, ninguém ficou julgando, porque faz parte da cultura da empresa. O fato de as pessoas terem orgulho em compartilhar esse espaço já é meio caminho para falar, então o equi- líbrio é importante, valorizamos e permitimos isso. MÁRIO – Muitos de nossos alunos são executivos e empreendedores, que trabalham dez, doze horas por dia. Entrev istei uma aluna que disse que depois da aula de pós-graduação, volta para a em- presa – uma multinacional – para trabalhar. A pergunta é: se ela não fizer isso não tem carreira nessa empresa ou simplesmente pode optar por outras formas de ser reconhecida? MONICA – Só para completar, o que buscamos são pessoas que tra- balhem bem, não necessariamente que trabalhem muito. Estar lá às 22 horas não quer dizer que uma pessoa esteja trabalhando bem e trazendo o resultado que precisamos. NAPOLE – O Brasil sempre foi um país fechado, se comparado ao resto do mundo. Ano passado es- tive na Turquia e enquanto estava conversando com o presidente da

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