MAI-JUN-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 132 } São filhos de famí lias com poucos filhos, em muitos casos, f ilhos únicos. E quando você é criado com todas as atenções da famí lia para você, é difícil. ~ } Vejo jovens que têm jornadas de tra- balho regulares de 12, 13 horas por dia e que vêm correndo para a faculdade. ~ cisa trazer luz a isso. Todas essas questões devem apresentar saídas para o aluno. Ele pode simples- mente fazer uma campanha e dizer “a concorrência age de maneira ilícita”, e trazer luz às questões. MÁRIO – Aí se faz o elo entre a em- presa e a escola, citado pela Célia. As empresas deveriam pensar quatro anos à frente para que tivéssemos tempo de preparar esse aluno. A escola poderia adiantar o processo, mostrando para as empresas quais os problemas potenciais que vivem diariamente e que tipo de aluno elas estarão recebendo daqui a três anos. Introduzimos uma matéria no curso de Pós-Graduação chamada Neuro- ciências, um assunto com o qual as empresas ainda nem lidam muito. Então, a escola está sendo inovadora numa área que depois vai passar para a empresa e não o contrário. JOANA – Quando surgiu esse as- sunto de que nós, empresa, temos de dizer o que queremos, a verdade é que tambémnão sabemos a veloci- dade com que o mundo vai se trans- formar. Quem poderia prever, há 20 anos, esse perfil que temos hoje? No ano passado, participei pela primeira vez da construção da estratégia de uma empresa. É uma tarefa dificíli- ma definir o que quero alcançar, de quantas pessoas vou precisar para atingir a meta, qual o investimento, de onde virá... Mas que tipo de pes- soas são essas? Complicadíssimo, horas e horas na madrugada com muita discussão... Uma vez coloquei o ex-presidente da Basf num evento para professores de universidades para conversar com executivos e o presidente, por acaso, era um doutor que tinha lecionado em Princeton (EUA). Os engenheiros e químicos presentes perguntaram qual era o gap, a diferença da Alemanha para o Brasil e o que tinham que ensinar a mais. Na época, o presidente foi muito claro dizendo que aqui, tecni- camente, as pessoas são muito boas, têm um conhecimento sólido, mas precisam estar mais bempreparadas para problemas inesperados. Oque a pessoa precisa aprender não é o que já aconteceu, mas estar preparado para um problema novo. Três anos depois, fui surpreendida por uma instituição queme procurou dizendo que tinha uma nova disciplina: Reso- lução de Problemas. Essa disciplina é prática, cada grupo de cinco alunos tem uma empresa e um problema a ser resolvido. Pode ser somente uma gota d’água no deserto, mas é a inovação, é preparar-se para o ines- perado, para o novo, para aquilo que eu nem sei se vai acontecer.

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