MAI-JUN-2011

maio / junho de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 133 } Uma escola, seja ela qual for, par te de um modelo de como quer que seus alunos saiam da instituição. Todos os cursos são desenvolvidos com base no per f il do egresso. ~ MARCO – É trabalhar com a ima- ginação. MÁRIO – Bom para a cadeira de Ética. Vocês poderiam citar algum problema desses para os alunos discutirem e devolverem? MARCO – Há coisas atuais e coisas que podem ser imaginadas por- que, na questão da ética, precisa trabalhar também com a imagi- nação, com o futuro, o inesperado. Ex istem dilemas hoje do setor financeiro: como emprestar ou não dinheiro para empresas que vão usá-lo de forma equivocada? Isso não é mais dilema na organização onde estou, mas pode ser para outras. Mais um problema: você ajuda a uma organização que vai fechar uma fábrica em um lugar para investir em outro? CÉLIA – A grande diferença entre as universidades brasileiras e america- nas é que nos Estados Unidos há uma enorme proximidade entre a univer- sidade e a empresa, porque faz parte de uma estratégia de país. Se o país quer desenvolver determinado setor, há uma orquestração do ponto de vis- ta de governo, que investe nessa área do conhecimento para que a empresa garanta o emprego dessas pessoas. E todomundo se associa ao projeto, que acaba sendo um projeto de país, de sociedade, um projeto pessoal para milhares de jovens. Aqui ainda es- tamos engatinhando. Até bempouco tempo atrás, procurávamos empresas para pedir problemas visando fazer estudos de casos e elas diziam que não iam falar nada porque problemas são confidenciais. MONICA – Falta visão para entender que é um investimento que tem risco, mas que oferece um retorno. MÁRIO – Será que vocês poderiam enunciar uma frase ou uma palavra, que possa servir como espécie de fecho para o assunto? MARCO – Imagino algo ligado à educação – mesmo que seja para a empresa – é uma educação para o país. MONICA – Tomada de riscos, as pessoas precisam estar prontas e, ao tomar riscos, faz-se escolhas, priorizando, abrindo mão de uma coisa em prol de outra. As pessoas precisam de coragem para buscar resolução de problemas que ainda nem apareceram. MÁRIO – País, coragem e risco. NAPOLE – Temos todos os talentos de que precisamos na escola, na empresa e estamos fragmentados. Minha frase é pensar no bem co- mum. Se puder juntar tudo e pensar no coletivo, todos ganhamos. JOANA – Minha palavra é sinergia. Realmente, acho que precisamos pôr isso em prática, sair do discurso e fazer a sinergia acontecer. CÉLIA – Vou ficar com a palavra da Joana, porque gostei tanto que ponho mais uma cruzinha: sinergia, sem dúvida. MONICA – Falando da questão de como você ensina, por exemplo, num curso de empreendedorismo. Não adianta querer educar alguém que tenha valores completamente diferentes ou que não tenha base. Não adianta ensinar a fazer poesia para uma pessoa que não escreve corretamente. JOANA – Talvez identificar o ta- lento. Isso é até um projeto pessoal meu. Que realmente se consiga identificar o talento das pessoas para deixar de gastar dinheiro tentando empurrá-las para a profissão da moda, por exemplo. É como se fosse um grande teste vocacional. Tento fazer isso na minha família. Tenho muitos sobrinhos e observo que tem a expectativa do pai e tem também a carreira da moda. CÉLIA – É o simbólico. O emprego numa empresa como estávamos citando, o Google, isso é uma coisa que no imaginário do jovem que escolhe administração, engenharia, economia, relações internacionais, comunicação, ele existe para tra- balhar numa empresa, o que já não acontece, por exemplo, em outros cursos. Medicina, o aluno não quer trabalhar em empresa, quer traba- lhar sozinho. Também é frustrante para o arquiteto ir trabalhar em em- presa. E outras coisas, como serviço social, onde o imaginário é trabalhar com o governo. Psicólogo, é clínica ou políticas públicas. De onde vem isso, ficaríamos aqui por semanas fazendo esta pesquisa. ES PM

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