MAI-JUN-2011

mídia? É de fato melhor? Um pouco de tudo. Mais que tentar descobrir o porquê dos sonhos coletivos é ob- servar que se paga um alto preço na busca da realização desses sonhos. Dentre eles ocupa um lugar de des- taque o desejo pela conquista de um bom emprego. Esse tema ocupa um lugar central dentre os sonhos coletivos. Sabemos, também, que ter o próprio negócio é outro sonho de muita gen- te. Mas o sonho do bom emprego é o favorito da maioria dos jovens e dos pais desses jovens. Já houve época em que isso era diferente. Um ne- gócio bem-sucedido era a aspiração máxima dos jovens, em especial do sexo masculino. Ser um empresário, industrial ou comerciante de suces- so foi um dos sonhos coletivos que marcaram época. Havia empregos, mas um trabalho numa indústria ou numa loja, até mesmo num banco, não imprimia o mesmo status que a propriedade de um negócio. E, certamente, se retrocedermos no tempo, nós chegaremos às proprie- dades agrícolas, aos barões do café... Uma época em que empregos eram algo para os menos favorecidos. A aspiração pelo emprego coincide com a maior complexidade das empresas no pós-guerra e em especial após os anos setentas, quando são introduzidos nas máquinas con- troles numéricos de velocidade, mudando de forma significativa o perfil do trabalho e do trabalhador das fábricas. Da mesma forma, traz a necessidade por áreas de pla- nejamento, engenharia, marketing, controle, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento nas empresas, ampliando-se as oportunidades de emprego para os jovens recém-saídos das faculdades de engenharia e administração de empresas. E como causa e consequências andam juntas nesse processo, a economia cresceu com a sofisticação dos hábitos de consumo, a oferta de produtos se expandiu e os empregos se multiplicaram em todo o mundo capitalista. E tudo ia muito bem até que o choque do petróleo, e a crise financeira mundial na sua esteira provocaram uma redução dos empregos e a busca por produtividade é o conceito que ganha o centro das estratégias empresariais. Produtividade é definida como um maior volume de produção com menor número de pessoas, e em menos tempo. A quem demitir quando os problemas come- çaram? Os mais jovens, os mais velhos, sol- teiros, casados? E simultaneamente a essas reflexões, surge a discussão a respeito das competências necessárias e desejadas para os novos empregados. Na década de oitenta, a crise havia sido su- perada, mas é a vez de a tecnologia alterar significativamente as formas de trabalho, reduzindo drasticamente o número de em- pregos. É o “desemprego inteligente” uma vez que atingia diretamente os quadros da administração e planejamento das empre- sas. Alguns números são reveladores. No segmento bancário, por exemplo, hav ia no Brasil em 1986 cerca de um milhão de pessoas empregadas nas mais diferentes funções. Segundo dados do artigo publicado na revista Educação & Sociedade , vol. 20, n o 67, em agosto de 1999, de autoria de Liliana Rolfsen Petrili Segnini, em 1996 eram ape- nas 497 mil empregados no sistema finan- ceiro, tendo sido, portanto, eliminados 503 mil empregos. Foram apontadas as fusões como um dos fatos desencadeadores dessa realidade, mas, sem dúvida, a tecnologia Jeremy Rifkin em seu livro Ofimdosempregos , apresenta uma visão preocupante quanto ao futuro. O autor argumen- ta que o mundo está en- trandoemumanovafase histórica que caminha para um declínio das contratações. A mais sombria previsão de Ri- fkin é que os trabalhos perdidos para as máqui- nas nunca mais serão feitosporsereshumanos e que, até 2020, as possi- bilidadesdeadmissãose esgotarão devido a sua crescente virtualização. R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 136

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