MAI-JUN-2011
R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 142 ParaSennett, o desenvol vimento profissional de pendedevirtudesestáveis como:lealdade,confiança, comprometimento e aju damútua. Características queestãodesaparecendo nonovocapitalismo,resul tando, muitas vezes, em “corrosão do caráter”. 8 Dificuldade de comunicação Este tema é o mais recorrente que eu conheço e ainda está presente nas suas mais diversas formas, ou seja, na falta de assertividade, na falta de autoconfiança, na dificul- dade de aceitação de orientações, na dificuldade de expressão, de orientação e na dificuldade em dar e receber feedback . Ex- plorando um pouco cada um desses aspectos contidos na comunicação, observo que a baixa assertividade povoa um número bastante grande de profissionais que não se expõempor medo de serem inapropriados ou de ferirem os egos e orgulhos de colegas ou chefes. Essa postura ocasiona a omissão e pouca resolução de problemas cruciais para a empresa. Reflete um direcionamento a interesses pessoais e não a coragem para resolver o que é neces- sário. Diretamente a esse aspecto relaciona-se a falta de autoconfiança, que dificulta a autoexpressão, seja em um contexto menor, de reuniões, por exemplo, seja na exposição de temas a públicos maiores. Outro ponto bastante comentado refere-se à dificuldade em seguir orientações que conduzem a ações, parecendo haver certa teimosia ou por vezes rigidez que leva a ações sempre previsíveis e confortáveis ao executivo. Não menos pre- sente e com igual ou maior intensidade é a eterna dificuldade em dar e receber feedback , o que torna o líder incapaz de desenvolver sua equipe e de se autodesenvolver. Ainda são comuns dúvidas em relação a como dar e receber feedback , que escondem, no fundo, a dificuldade no acompanhamento da equipe, bem como de direcionamento mais efetivo. Os pontos positivos são sempre mais fáceis de serem abordados, mas o que realmente faz a diferença, as oportunidades a melhorar e sugestões, seguidas, se possível, de uma boa orientação de coaching , sempre são posterga- das e por vezes esquecidas. A implicação desse fato é evidente quando observamos a dificul- dade em formar sucessores que possam subs- tituir os titulares das vagas. Então, a ausência da comunicação, entendida e praticada como ação de desenvolvimento, é algo que depõe contra a empregabilidade, uma vez que é por meio dela que a confiança e sustentabilidade se instalam, como elementos básicos para o resultado de qualquer profissional. 8 Desequilíbrio e descontrole emocional Hoje as organizações buscam perfis psicoló- gicos que integrem agressividade e ética, ob- jetivos individuais e valores corporativos, foco em resultados e em pessoas, visão do todo e da parte, foco no resultado e no cliente, foco no bônus individual e trabalho em equipe, equilíbrio e pressão, sem dizer em tantas ou- tras características. Essas exigências precisam ser desenvolvidas e integradas, porque não são normalmente encontradas nas pessoas. No entanto, para alguns, pela dificuldade de integração desses universos, por vezes vistos como antagônicos, vivenciam o que Richard Sennett chama de corrosão de caráter. A consequência dessa dissociação interna é, por exemplo, fala diferente da prática envolvida, ou seja, fala-se em trabalho em equipe, mas pratica-se a vantagem individual, fala-se da importância do cliente, mas praticam-se margens vantajosas apenas visando ao al- cance dos resultados. Somem-se a tudo isso problemas pessoais que se acumulam na vida dos profissionais, situações normais de vida, como encontros e desencontros, perdas e ga- nhos, mas que ficam sem espaço e, carentes de atenção, transformam-se em sintomas físicos.
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