MAI-JUN-2011
R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 148 Asredessociais,decerta forma, podem colabo- rar para a “produção do sentido” que as marcas, a profissão e o local de trabalho ou estudo po- dem ter sobre a vida dos internautas. mente os grupos que estão atingindo hoje o início da idade adulta (ao redor de 24, 25 anos de idade). Diante das transformações demográficas que estão acontecendo no Brasil, fruto da brutal queda de fecundidade entre 1970 e a década passada, em pouco tempo o grupo de pessoas nascidas ou socializadas já sob a influência das redes digitais vai compor amaior parte do mercado consumidor do país. Para boa parte desses jovens, essas redes digi- tais são elementos importantes não somente do ponto de vista psicológico (como demonstrou um excelente trabalho da rede de agências TBWA, disponível em: http://www.youtube . com/watch?v=Jc1BdqijvlE), mas também na escolha de produtos, serviços, causas e até mesmo empresas para se trabalhar. Ou seja, de certa forma essas redes contribuem para a “produção do sentido” que as marcas, a pro- fissão e o local de trabalho ou estudo podem ter sobre suas vidas. A produção desse sentido sempre foi uma atividade social por natureza, mas estava condicionada aos limitadores da comunica- ção pré-internet. Antes de meados da década passada, a socialização dos jovens, em seus estágios iniciais, estava restrita, na maior parte dos casos, ao espaço geográfico por eles frequentado, que, no caso brasileiro, guarda forte relação com variáveis socioeconômicas. A obtenção de informações fora desses polos era tarefa difícil, condicionada pelas limitadas opções de mídia. Um dado simples, tirado de experiências pessoais: no início dos anos 90, o The New York Times, de domingo, chegava às bancas paulistanas (sob encomenda) ao redor de 4 a ou 5 a feira, a um custo 10 vezes maior que o do preço de capa nos EUA. Mesmo re- vistas importadas eram caras e disponíveis em poucos locais, como as bancas dos aeroportos. A explosão digital permitiu acessar, em tempo quase real, as opiniões de outras pessoas com interesses similares, sem os filtros tradicionais da produção de notícias e informações das empresas de mídia. Pode-se alegar que essa troca de informações sempre existiu. Mas ela estava restrita ao espaço e ao tempo em que eram emitidas, ou então somente eram regis- tradas quando quem as emitia era um “líder de opinião”, assim reconhecido pelamídia. Agora, ficam registradas “para sempre”, acessadas a Segundo a comScore, já são mais de 35 milhões debrasileiros interagindo mensalmente em redes sociais,comentandonão somente fatos pessoais, mas, também, notícias e informações, além de opiniões sobre marcas, produtos e serviços. Ain- da segundo a mesma fonte, 85% dos internau- tas brasileiros frequen- tam habitualmente essa categoria, contra70%da média mundial.
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