MAI-JUN-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 18 } Jovens brasileiros, entre 25 e 35 anos, que neste momento estão na Europa ou nos Estados Uni­ dos começando a pensar em retornar. Felizmente, pensam na Unilever como uma das alternativas. ~ aos cargos de direção, tinham se masculi- nizado em seus valores para poder subir. O grande desafio é acabar com o “aí não me serve”, até porque, nesse nível, se tenho homens e mulheres com valores masculi- nos, perdi a riqueza do que quero de cada um desses mercados. Brinco que se tivesse de classificar a Unilever, ela seria mulher, porque tem alimentos, personal, beleza e, mesmo na categoria de detergentes, como Omo, o cuidado com a família está presente. FRANCISCO – É importante o ponto de vista feminino. MARCELO – Totalmente. Li, certa vez, que a grande entrada das mulheres no merca- do de trabalho seria na Segunda Guerra e por opção. Só que quando eles voltaram, disseram “Ok. Já está bom”. Agora, o que estamos fazendo é criar mais cargos, mas não com as mulheres em todos eles. Lan- çamos um programa chamado “Unilever Women’s International Network”, no qual homens e mulheres são convidados para dar palestras. Tivemos como convidada especial Anne Fletcher, uma das primeiras mulheres negras a se formar em Harvard, que hoje faz parte do time de Barack Obama. Ela falou sobre as barreiras que teve de vencer. Já Marcia Tiburi, do programa Saia Justa, da GNT, comentou suas escolhas ao longo da carreira. Outra semana, contamos com a presença do psicólogo Contardo Calliga- ris, colunista da Folha de S. Paulo para falar sobre desejos que silenciamos e a coragem para falar não. Na Unilever também temos um berçário para que as executivas não pre- cisem fazer escolhas cedo. Outra iniciativa é o relançamento do horário flexível e do novo sistema de “Home Office”, que tem por objetivo facilitar a vida das mulheres. Com isso, quero conseguir entender essa evolução e criar um sistema que facilite a elas ter as mesmas possibilidades, ainda sendo diferentes. FRANCISCO – E a questão dos idiomas? MARCELO – Somos uma empresa global e necessitamos de pessoas que falem inglês, porque é a língua que nos une no mundo, quando tem uma reunião entre um indiano e um brasileiro, um norte-americano e um argentino. FRANCISCO – Vinicius Prianti, ex-presidente da Unilever, contou-me que havia tomado a decisão de não dar tanta ênfase ao inglês porque isso estava fazendo com que outras qualidades importantes ficassem em segundo plano... MARCELO – Duas coisas diferentes. Vini- cius foi muito corajoso em acompanhar-me nesta ideia, porque quando apresentei a proposta não foi amplamente bem-vinda. Inglês é uma língua absolutamente neces- sária numa empresa global como a Unilever. Outro ponto é “então você só recruta pessoas que falem inglês”, não. E esta foi a minha exposição ao Vinicius. Ele, como sempre, missionário e corajoso disse: “Rapaz, vamos lá”. Lamentavelmente, na América Latina, educação nem sempre é um direito, às ve- zes é um privilégio. Língua é um elemento E N T R E V I S T A

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