MAI-JUN-2011
R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 22 } Ét ica, por exemplo, é um va lor que não pode mos de i xar de co l ocar em todos os programas de estudo, po i s sabemos que nossas soci e dades no mundo todo dão boas escor regadas nesse assunto. ~ que também não vão ficar, por oito horas, sentados numa sala de aula. ALEXANDRE – É um desafio para as escolas, também. MARCELO – Exato. Temos de entender quais são as necessidades dos nossos con- sumidores para atendê-las. O que pediria aos jovens é paixão profissional, no sentido de que cada um tem um talento de uma dimensão diferente. Vamos supor que o talento possa ser medido de um a dez. Alguns têm 5, outros 7, outros dez. Não importa qual é o tamanho desse talento, apenas usem na dimensão total, porque tem mais valor aquele que tem uma nota 5 de talento e o usa de forma total em toda a sua intensidade, do que aquele que tem dez e usa 5. O que decidirem fazer, que seja feito de corpo e alma – não estou dizendo para que sejam workaholics , mas para ser o melhor é preciso ter talento. E o grande desafio das empresas é criar um propósi- to para cada indivíduo. Por exemplo, na Unilever, estamos convencidos que temos um papel nesta sociedade em termos de sustentabilidade, porque somos uma em- presa de consumo lascivo e nossos produtos chegam a milhões de consumidores. A parte que posso fazer de contaminação, eu faço porque tenho tecnologia. Mas esse impacto representa apenas 15%. Os outros 85% cor- respondem ao que os consumidores fazem com nossos produtos. Dessa mudança de comportamento vai depender a sobrevi- vência do planeta e da própria Unilever, porque precisamos de consumidores para vender esses produtos. Nosso propósito organizacional, por exemplo, é duplicar o tamanho da nossa organização até 2020, gerando menos impacto na sociedade. A coisa mais fantástica que alguém deve ter na vida é fazer com paixão algo que ama. Se não tenho um propósito individual, creio que o “fazer com paixão” passa a ser apenas uma frase solta. Digo para meus filhos que estudem o que quiserem, mas façam isso com muito prazer e que façam a diferença. Seja pintor, violinista, economista, mas faça de verdade. FRANCISCO – Na verdade também fo- mos jovens e talvez com mais defeitos do que os de hoje. MARCELO – Esquecemos das bagunças que fazíamos e que eles vivem num mundo que construímos para eles. ALEXANDRE – Falamos muito da con- tratação. Mas, e a demissão, por que as pessoas são demitidas? MARCELO – Por diferentes razões, algumas simples que são as que produzem menos discussões, quando não se cumpre nosso marco de referência, que é nosso Código de Princípios de Negócios. Felizmente, isso acontece pouco, mas não tem discussão, nosso Código de Princípios é muito claro. Eles sabem que, nesse caso, não tem plano de recuperação. E N T R E V I S T A
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