MAI-JUN-2011
maio / junho de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 27 Já as empresas estão cada vez mais exigentes na hora de contratar seus profissionais e se- guem embusca constante de jovens talentosos, com visão empreendedora, dinâmicos e com espírito inovador. Porém, isso impõe desafios recorrentes. A conciliação de um ambiente conservador, de hierarquia inflexível e papéis rígidos, com as novas gerações é inviável. Assim, gestores de RH devem apoiar as orga- nizações na imposição de limites e na forma de lidar com as expectativas e frustrações dos recém-contratados, mostrando que as carreiras são de responsabilidade dos próprios jovens, e que elas devem ser trilhadas dentro da merito- cracia e do comprometimento com a empresa e seus resultados. Todo esse processo requer um tempo de amadu- recimentoeapaciênciadeesperar pelas janelasde oportunidade não é o ponto forte da geração “Y”. Isso resulta em altas taxas de rotatividade nessa faixa etária, e esse pouco tempo de permanência nas organizações não permite a construção das bases da empregabilidade: desenvolvimento de sólidas competências técnicas e comportamentais e participação decisiva em projetos de sucesso. Acertar essa equação entre jovens e empresas é o grande desafio do mercado de trabalho. Para isso, precisamos analisar umponto importante: a educação. Investir emeducaçãoéumadasmelho- res formas para se conquistar um bom emprego e salário, e também fundamentar as bases para uma carreira promissora. Ter recebido uma boa educação, seja em uma escola pública ou privada, faz a diferença na vida de uma pessoa. Mas isso não é responsabilida- de única da escola e dos professores. Envolve, também, a família. E aqui identificamos dois problemas graves. O primeiro diz respeito aos pais que matri- culam seus filhos nas escolas particulares e acham que elas são boas simplesmente por- que são pagas − e, portanto, melhores que as públicas. Acabam se despreocupando com a educação de seus filhos, deixando isso sob total responsabilidade da escola. Ocorre que algumas escolas particu- lares deixama desejar. Odesempenho delas em testes internacionais, como o Pisa (Programme for International Student Assesment), é sofrível. Os alunos brasileiros ricos, por exemplo, têm pior desempenho que os pobres de países desenvolvidos. O Pisa tem por objetivo avaliar a capacidade dos jovens de 15 anos no uso de seus co- nhecimentos emciências,matemática e em sua língua materna, de forma a enfrentarem os desafios da vida real. O segundo se refere aos pais que matriculam seus filhos em escolas públicas acreditando na qualidade do ensino dessas instituições. Mas esse sentimento, comraríssimas ehonrosas exceções, é errado. Issoporque amaio- riadessespaisnãotevepreparoao longo davida.Deacordocompesquisado Inep(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), 60%dos pais do ensino público não completaram o ensino fundamental, 73% têm renda inferior a três salários-mínimos e 75%não leem jornal. Pesquisas mostram que um dos fatores mais im- portantesparaoaprendizadodas criançaséonível educacional de seus pais. Ainda assim eu acredito que, com ou sem conhecimento, os pais devem ter uma participação ativa na vida escolar de seus filhos, acompanhando de perto a sua evolução e oferecendoo suportenecessáriopara o aprendiza- do.Essapresençadospaisleva,comprovadamente, a umdesempenho escolar melhor dos filhos. Outras figuras fundamentais noprocesso educa- cional são os professores e diretores das institui- ções de ensino.Muitos têmformação insuficiente ou ruim, o que resulta emeducação demá quali- dade. Emmuitos casos, o professor brasileironão está capacitado para enfrentar uma sala de aula e os diretores de escola não entendem os desafios envolvidos na busca da excelência. Culpam os alunos e seus pais pelo fracasso da educação. A construção da carreira é de responsabilidade do próprio jovem, que deve ser trilhada den- tro da meritocracia e do comprometimento com a empresa. Porém, a conciliação de um am- biente conservador, de hierarquia inflexível e papéis rígidos, com o perfildasnovasgerações se mostra inviável.
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