MAI-JUN-2011
R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 44 } Nosso sucesso está relacionado à questão de não mas- sificar o mercado, criar processos customizados para as empresas, buscar sempre entender quem é este jovem e usar as melhores ferramentas no processo seletivo. ~ Trainees globais, buscando jovens de qualquer parte do mundo que tenham o perfil que a empresa procura. O brasileiro em nível sênior está, sim, muito bem preparado e altamente competitivo, mas a média da pirâmide está muito perdida. Temos esses jovens entrantes sem saber o que querem e como querem buscar o seu lugar, a média gerência também nesse processo de busca, às vezes com uma fantasia errada de que precisa crescer rápido, não dá o tempo necessário ao processo de aprendizagem. Brinco sempre que precisamos continuar comendo feijão com arroz para cres- cer. Não saímos da barriga da mãe prontos, temos as etapas para cumprir. Infelizmente, temos uma escassez de bons profissionais na média gerência em todo o país. É preciso tomar cuidado porque, se as empresas não encontram aqui, vão buscar fora as suas so- luções, já que precisam dar resultado. FRANCISCO – É verdade que esses jo- vens que estão indo para as empresas pecam pela pressa excessiva e frus- tram-se porque não chegam ao topo na rapidez desejada? SOFIA – É verdade. Certo dia fizemos um talk show com jovens de algumas escolas e uma engenheira da Unicamp falou algo interes- sante: “Vocês falam sempre da nossa pressa em crescer, mas não falam sobre a pressão que colocam na gente para que isto aconteça. Dentro de nossas casas, de uma forma velada, vemos a ansiedade dos nossos pais para que entremos em boas escolas. Depois, para que entremos numa boa empresa e ocupemos uma boa função. Na empresa a gente entra e já dizem que nos contrataram para trazer resultados, quebrar paradigmas, oxigenar os processos. Vocês cobram da gente isso, mas quando exigimos a contrapartida dessa rapidez vocês dizem não”. Então, existe sim uma incoerência também da nossa parte e esse quebra-cabeça tem de estar bom para os dois lados para ser, de fato, um ganha-ganha. FRANCISCO – Já ouvi de jovens outra queixa falando de incoerência entre a empresa, o que ela faz e o que ela prega nesta questão de valores pes- soais. Jovens trainees que ouvem de mil maneiras ao chegar à empresa a doutrinação: trabalhar duro, enfrentar a responsabilidade, ter confiança e não ter medo de errar. E eles dizem que não é nada disso. Erra para você ver o que vai te acontecer. SOFIA – Há 20 anos, o melhor profissional era aquele que tinha conhecimento técnico e inteligência, isso era o primordial. Depois, passamos quase 20 anos falando de compe- tências comportamentais: iniciativa, determi- nação, trabalho em equipe, só comunicação. Hoje, percebemos que não adianta você ser inteligente, ter saído de uma belíssima escola bem formado tecnicamente e reunir todas as competências que o mercado busca, se você não estiver casado com os valores da orga- nização e com essa cultura organizacional. FRANCISCO – O jovem precisa, antes de tudo, descobrir de que lado sopra o vento. SOFIA – Isso. Imagine um jovem que gosta de fazer tudo, testar, colocar no ar e correr riscos, E N T R E V I S T A
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