MAI-JUN-2011
maio / junho de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 45 } Nossa grande crítica hoje é essa: os jovens candi- datam-se a 30 processos seletivos simultaneamente – banco, indústria de cimento, indústria de bens de consumo, serviços – e quem chamar ele vai. ~ trabalhando numa multinacional alemã que fabrica turbinas de avião. Tem espaço para er- rar numa turbina de avião? O produto demora a ser feito e tem uma exigência de processos, de capacidade de planejamento muito grande. Esse jovem provavelmente vai se adaptar mui- to bem no Google, onde tudo é em beta . Agora, imagine um jovem que gosta de planejar e estruturar para não correr riscos trabalhar numa empresa de bens de consumo em que se ele não lançar hoje, amanhã o concorrente lança. A Johnson & Johnson temum credo que permeia, de fato, sua realidade. Todos conhe- cem a história do Tylenol, que há alguns anos tirou seu comercial do ar e suspendeu todas as vendas, pois poderia matar as pessoas. O presidente recolheu todos os produtos dos pontos de venda, mesmo correndo o risco de falir a empresa. Atualmente, no processo se- letivo da J&J, o jovem deve fazer um pequeno vídeo com o seu celular, respondendo a duas perguntas: quem sou eu e que marca quero deixar no mundo? Cruzamos essas respostas com o credo da Johnson para entender o que esse jovem quer, que legado quer dei- xar, se está ligado à filosofia e às crenças da Johnson & Johnson. Hoje, olhar como esses valores permeiam os dois lados, o jovem e a empresa, é importante para esse casamento. A grande dificuldade disso é que, em muitas empresas, os valores e os credos estão nas paredes e nos quadros, mas não no dia-a-dia. O processo seletivo, obrigatoriamente, deve ser de mão dupla: o jovem não deve mais ter a subserviência de achar que será entrevistado e a empresa vai escolhê-lo. Ele também tem de estar lá, dono de si, para conhecer essa empresa, entrevistá-la e entender se valoriza e tem os mesmos valores e o mesmo respeito que ele está disposto a dar. LUIZ FERNANDO – Quer dizer, uma boa orientação de carreira hoje pressupõe o jovem entender a empresa até mesmo antes de se candidatar à vaga? SOFIA – Claro. Nossa grande crítica hoje é esta: os jovens candidatam-se a 30 processos seletivos simultaneamente – banco, indústria de cimento, indústria de bens de consumo, serviços – e quem chamar ele vai. LUIZ FERNANDO – Não é muito diferente de como ele escolhe escolas, carreiras e cursos. SOFIA – Muitas vezes ele chega ao processo seletivo e nem lembra em que empresa está ou o que ela fabrica, porque não tem tempo de analisar cada empresa, o que ela busca. Basta ler no site da empresa. Hoje, temos uma preocupação grande em colocar na home page dos processos seletivos todas as informações sobre quais são os pré-requisitos e o que a empresa busca e se esse jovem ler, muitas vezes, já saberá se aquilo está de acordo com ele ou não. Mas ele nem lê, se inscreve direto e depois diz que não é aprovado em nada. Isso porque não se valorizou ou não fez a sua lição de casa direito. FRANCISCO – Atirou com chumbinho para mil alvos diferentes. SOFIA – Com certeza. Esse processo gera uma angústia enorme neles, que ficam atrás de fazer o que o amigo faz. Muitos vão atrás da onda e não daquilo que buscam. Por isso S o f i a E s t e v e s
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