MAI-JUN-2011

maio / junho de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 49 } O brasileiro em nível sênior está, sim, muito bem preparado e altamente competitivo, mas a média da pirâmide está muito perdida. ~ ES PM este encaixe do trainee na empresa, transforma o empreendedor numa peça de um organismo que pouco tem a ver com o empreendedor solitário, agres- sivo e principalmente disposto a correr riscos. Como isso funciona na vida real? SOFIA – O que mais escutamos das empresas hoje é que querem o perfil empreendedor, quer dizer, aquela pessoa que tem a sensação de dono, que está preocupada com todos os pontos, não só o resultado, mas com a forma de atingir o resultado para ter sustentabilidade do negócio. As empresas querem essa paixão que o empreendedor tem por aquilo que faz. A Odebrecht, por exemplo, é uma organização que prima muito por isso, faz parte da cultura dela a sensação “pertencimento de dono”, eles têm um nome próprio para essa chamada atitude de dono. Algumas empresas dão esse espaço e realmente escutam o que você tem a propor. É a filosofia “vamos construir juntos”, onde a empresa se preocupa em passar o rumo que ela pretende seguir, porque se você sabe o rumo que o barco está indo, rema para o lugar certo. Se não sabe, vai remar para qualquer lugar. Esta questão é difícil de ser efetivamente posta em prática. Interessante que na pesquisa da “Empresa dos Sonhos” percebemos que no passado o jovem dizia com mais força que tinha interesse em ser empreendedor, montar o seu negócio. Hoje, ele está mais preocupado em primeiro desenvolver uma experiência, um conhecimento para depois se arriscar, mas esse espírito empreendedor é o que talvez seja ligado ao conceito do que é talento. FRANCISCO – Em outras palavras, não é impossível esta ligação entre a empresa e alguém de espírito empreendedor. SOFIA – Não. Na minha empresa somos 180 pessoas, não temos horário de trabalho. As pessoas que têm horário de trabalho são as que fazem algum tipo de atendimento aos candidatos e que precisam estar lá fi- sicamente. Mas os consultores, as pessoas da área de gestão trabalham em cima do pilar qualidade e entrega dentro do prazo combinado com o cliente – se vai fazer à noite na sua casa, às oito da manhã no escritório, se vai à praia, não importa. O que precisamos é a entrega na qualidade e na profundidade que exigimos. Isso leva a um espírito empreendedor. As decisões são compartilhadas, todos sabem os resultados, o que buscamos e, principalmente, quais são os nossos valores. Não vai econder su- jeira embaixo do tapete por causa do cliente, vai tratar com o cliente se saiu algo errado e dizer a ele qual a solução para aquilo que saiu errado. O comprometimento da pessoa nessa entrega é muito maior. E se teve um erro, o erro é nosso. Costumo dizer na empresa que se eu souber pela boca do cliente que houve um erro, o erro é do meu funcionário. Agora, se eu souber pela boca do meu funcionário que houve um erro, o erro é nosso e aí vamos juntos resolver. Trabalhamos essa questão de confiar e trabalhar o erro porque todo mundo erra, principalmente numa empresa em que se fazem renovações constantes. É impossível não errar e pode errar, desde que se tenha errado fazendo o seu melhor e não por descomprometimento. FRANCISCO – Sofia, muito obrigado e obrigado em nome dos alunos, princi- palmente. S o f i a E s t e v e s

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