MAI-JUN-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 56 remuneraçãomais digna e se tornar ummelhor contribuinte. Quem se precipita em arrecadar, arrecada menos. O trabalhador com baixa escolaridade repre- senta um alto custo social para o país. Torna-se dependente do governo para suprir o que ele precisa e não ganha. A baixa escolaridade eleva os custos do país em todas as direções. Na saú- de pública, o despreparo, a falta de higiene, a má alimentação e as doenças caminham juntos. Para as empresas, a qualificação da equipe aumenta a sua produtividade, gerando maior arrecadação do governo. Pouca educação, em plena era da tecnologia e do conhecimento, condena milhões de bra- sileiros a trabalhar em funções simples, sem perspectivas. E centenas de milhares de vagas de emprego, que exigem qualificação, não são preenchidas! Portanto, todos, governo, empre- sas e trabalhadores ganhariam se não houves- se impostos elevando os custos da Educação. Quem é o responsável? Diante de tantos problemas, alguém pode perguntar quem é o responsável por tudo isso? Seriam os governos, as empresas, as escolas, os professores, os pais, quemmais? A resposta é simples: somos todos nós. Acostumamos a conviver com a falta de educação, mesmo sendo afetados profundamente em nossas vidas. O seu elevado custo nos preju- dica muito mais do que percebemos. Está presente no desemprego, nos serviços ruins, na criminalidade etc. Precisamos acreditar que é um problema nosso e, sendo nosso, po- demos agir e transformar. Pesquisas mostram que há pais mais preocupados com a merenda e uni- forme do que com a qualidade do ensino. Passivos e acomodados mal sabem o que os filhos aprendem. Quando participam ativamente da educação dos filhos e trabalham juntos com a direção da escola, dos seus professores e funcionários, os resultados são expressivos. É possível mudar! EmHeliópolis, região pobre de São Paulo origi- nada de uma grande favela, está instalada uma escola pública do ensino fundamental que utiliza ametodologia da Escola da Ponte, uma dasmais modernas que existe. Lá as crianças aprendem a pensar desde cedo e não a decorar coisas sem sentido. Essa escola é resultado da consciência e determinação de sua comunidade, que não aceitou o ensino de baixa qualidade, exigindo o melhor para si. Sua participação para o sucesso da escola é exemplar. É possível mudar! Caminhos para solução O Brasil precisa de um Plano Estratégico da Educação que a coloque como principal prio- ridade para seu desenvolvimento sustentável. Prioridade significa umgrande esforço conjunto da sociedade brasileira, não a bandeira isolada de poucos bem intencionados. Significa integrar visão de longo prazo, inovação, tecnologia, valorização do professor, modernização de conteúdos e investimentos direcionados. Nos governos federais, estaduais e municipais a melhoria da Educação vai contribuir diretamente para o sucesso dos seus programas. Ministérios e secretarias deveriam atuar em colegiado para priorizar investimentos educacionais, bemcomo contar com a participação de empresas, escolas, sindicatos e outros integrantes da sociedade. Se issoocorrer, ganharemos emobjetividade, efi- ciência, pragmatismo e velocidade nas decisões. Nenhumgovernopode ser donode algoque é de todos. A Educação é um bem comum, e precisa ser bem gerida com a participação ativa de seus principais interessados. Trabalhando alinhadas pela mesma causa de tornar o Brasil um país mais forte, justo e com- petitivo, as empresas, instituições de ensino, sindicatos e governo devem compartilhar ações efetivas para o país dar o grande salto que todos nós desejamos. Há 31 anos, a Escola da Ponte é uma institui- ção pública de ensino em Portugal que possui métodos próprios, onde não há salas de aulas, provas para teste de co- nhecimento valendopon- tos, divisão por idade ou carteiras. Idealizada por José Pacheco, mestre em Ciências da Educa- ção pela Universidade do Porto, a escola visa a autonomia dos estu- dantes, proporcionando ao aluno escolher qual a área de seu interesse para o desenvolvimento de trabalhos.

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