MAI-JUN-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 80 O estímulo ao intraempreendedorismo tam­ bém poderia estar presente no ambiente acadêmico. A criação de novos modelos de negócio exige o exercício de diversas habili- dades caras às organizações, como clareza, organização, planejamento estratégico, pro- moção, execução e gestão e monitoramento de resultados. Assim, os graduandos já de- senvolveriam essas habilidades antes mesmo de entrar no mercado profissional. Posto isso, pode-se afirmar que as faculdades e universidades realmente precisam entender a necessidade do mercado de trabalho e de seus estudantes/futuros profissionais e iniciar um processo de coaching acadêmico voltado ao que se espera dos formandos fora do ambiente estudantil e ao que o setor corporativo busca de seus profissionais. Isso amenizaria o choque desses jovens talentos quando eles entram em contato com a realidade corporativa. Nesse coaching , poderiam ser incluídos ciclos de desenvolvimento e workshops dedicados a aspectos comportamentais, uma vez que os jovens só se dão conta de suas limitações nesse campo (quando se dão conta), ao encararem a realidade nas companhias. Em oficinas es- pecíficas, poderiam ser trabalhadas temáticas como o ajuste de comportamentos entre profis- sionais de diferentes gerações, abordando, por exemplo: como maximizar as oportunidades e diminuir os riscos; como foi a convivência entre Baby boomers e seus sucessores; como administrar os pontos de conflito com foco nas melhorias de gestão nas organizações e nas entidades de ensino. Outra sugestão é realizar eventos em que os recrutadores de empresas comentem com os estudantes os desvios de comportamento enfrentados no mundo corporativo ao lidar com novas gerações, com o objetivo de aprofundar a questão nos corpos discente e docente nas universidades. Os cursos de graduação poderiam também contemplar disciplinas focadas em técnicas de negociação, em processos decisórios ou na compreensão do processo organizacional, para desenvolver habilidades importantes para o dia-a-dia corporativo. Essas mudanças precisam ser feitas em todas as entidades de ensino superior, mesmo nas universidades e faculdades mais renomadas. Nos EUA, Harvard, por exemplo, passa por uma profunda reestruturação na organização de seus MBAs, que têm se tornado cada vez mais focados na análise de casos práticos, privilegiando o desenvolvimento sustentado em vez de ganhos de curto prazo. Isso ocorreu quando a reputação da histórica entidade foi questionada ao ter vários de seus ex-integran- tes de MBAs envolvidos em escândalos após o estouro da bolha imobiliária nos EUA. A universidade recebeu críticas por estimular a tomada de decisão focada apenas nos ganhos imediatos, submetendo as organizações a riscos desnecessários e que levaram várias ins- tituições financeiras tradicionais à bancarrota. Em síntese, os jovens profissionais precisam saber que há mais no mundo dos negócios do que apenas ganhar dinheiro. E isso pode ser feito já na universidade, seja nos cursos de graduação ou de pós-graduação. Administrando de forma correta as expectativas de parte a parte, será possível contar com profis- sionais capacitados e extrair omelhor da geração Y, que poderá atuar como o motor da inovação e flexibilização nas estruturas corporativas bra- sileiras. Lembrando que as ações desenvolvidas nos dias de hoje poderão dar subsídios para que o mercado absorva melhor as novas gerações que estão por vir. Definitivamente, os desafios não param em um país em desenvolvimento como o nosso. ADRIANO MALUF AMUI Especialização por Kellogg, especialização em Conselho e Governança Corporativa pelo IBGC e mestrado em administração pela FGV. É Dire- tor do INVENT® e professor na ESPM. Publica periodicamente artigos e em especial o livro Trade marketing − pontos de vista comentados . ES PM

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