MAI-JUN-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 86 Para desgosto e desa- grado de gestores emui- tos profissionais de RH, hávagasqueficamaber- tas por muitos meses e baixar o nível de exigên- cia não é a solução. Essas atitudes não são ensinadas em programas de treinamento. A pessoa traz com ela, a partir do seu desejo, da vontade. Está intrínseco. Não dá para fingir entusiasmo, nem interesse sem parecer falso, e os entrevistadores treinados percebem com facilidade. Atitudes como as descritas, iluminam o rosto, tornam a voz mais intensa, a postura corpo- ral muda e tudo isso sem que a pessoa tenha muita consciência. É quase um estado de “enamoramento”. Sentir-se feliz pelo desejo de aprender, pelo desafio, pela oportunidade de realizar algo. Reafirmo, não é poesia, mas são atitudes que fazem a diferença, diante de tanta indiferença, frieza e distanciamento que tantos candidatos às vagas demonstram. Busca-se maturidade emocional. Mais um enig- ma corporativo? Um conluio entre consultorias de recrutamento e seleção e os das empresas para dificultar a vida dos candidatos? Não. São comportamentos observáveis e não estão apenas relacionados às situações profissionais. Trata-se deumconjuntode características pessoais adqui- ridas ao longo da vida que permite ao indivíduo lidar com frustrações e situações complexas. É a postura ética, capacidade de sustentar opiniões e posição diante de situações difíceis, algumas vezes impopulares mantendo o racio- cínio lógico e a retidão de caráter frente aos dilemas da vida corporativa, enfim, capacidade de liderar a si próprio, outras pessoas e equipes. Alguémpodeperguntar: “mas são tão jo- vens, comopodemexigir tudo issode um recém-saídoda faculdade?” Penso que os paismuitas vezes prestamumdesserviço na criação de seus filhos quando, na tentativa de nãodeixá-lospassarpor algumasdificuldades, que eles mesmos tiveram na infância e adolescência, não deixam seus filhos aprenderem que o mundo é muito maior do que o pátio da escola onde estu- daram. Ou, pior, quando legitimame inflamo ego dos seus filhos defendendo-os emsituações pouco éticas para evitar frustrá-los. Muitos chegam às faculdades e saem delas acre- ditandoque fazemparte de uma elitemelhor que o restante da humanidade, que serão os futuros líderes de grandes companhias. A frustração chega logo nos primeiros programas de seleção, quando são preteridos. Não entendem que a arrogância supera seu talento e potencial. Parece haver pouco interesse, por parte de muitos jovens, pelo que acontece fora dos mu- ros da escola ou pelo que não faz parte do seu pequenomundo. Poucos ainda são aqueles que conseguem se dar conta do universo em que estão inseridos − Brasil − com suas monstru- osas diferenças socioeconômicas e culturais. Os que se dão conta acabam se destacando por conseguirem lidar melhor com as diferenças. Lidar com as diferenças: o mundo globalizado O desenvolvimento e aprimoramento dessas competências tornarão nossos profissionaismais competitivos edesejados nomercadoglobal. Para isso é preciso viver e se expor. Não se acerta sem- pre, mas o aprendizado é contínuo. Na palestra que assisti do professor Mansour Javidan, da Universidade de Thunderbird, ele reportou algu- mas situaçõesdiferentes quevivenciouemalguns paísespor ondepassou. Paraanossa cultura, situ- ações semelhantespoderiamser constrangedoras, mas o fato de entender que os hábitos e costumes são diferentes ajuda a compreender quemestá do outro lado e facilita o relacionamento. } Em um sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até o seu nível de incompetência. ~ L awrence J ohnston

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