Revista da ESPM MAR-ABR_2007

Roberta Dias Campos 101 MARÇO / ABRIL DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M As garrafinhas, ao longo da infância dos entrevistados eram inseridas nas brincadeiras cotidianas, para dar de beber às bonecas ou simular uma ida ao supermercado. Alguns vão utilizar a coleção para decorar seu quarto na infância, deixando as gar- rafinhas expostas, em prateleiras, à vista dos amigos que vêm visitá-los. A época promocional, inclusive, é um momento de intensa com- petição, onde crianças comparam às provas de compra por venderem o refrigerante. As garrafinhas expostas no quarto são prova desse esforço de ultrapassar seus recursos habituais para conseguir mais unidades. 2. OUTROS OBJETOS PROMOCIONAIS Seguindo a mesma dinâmica pro- mocional, Coca-Cola realizou a partir dos anos 90 outras promoções na mesma dinâmica de troca com pequenos objetos. Os entrevista- dos mais jovens lembram-se das promoções e guardam até hoje as provas de sua participação. João (14 anos) lembra-se da sua primeira coleção, os “Geloucos”. A função de coleção e de exposição fica explícita em sua fala quando ele diz “eles não serviam para nada, os Geloucos, era só para decorar meu quarto”. Maria (18 anos) descreve sua par- ticipação em promoções durante a Copa do Mundo onde foram dis- tribuídas miniaturas dos jogadores da copa de 98. Maria guarda sua coleção em seu quarto até hoje junto com seus brinquedos de in- fância. Em um primeiro momento, a coleção marca o pertencimento a um grupo, marcando o ser criança. Em seguida, esses objetos passam a ser testemunhos da história de vida deste indivíduo ao lado de outros objetos não promocionais daquele período. seus esforços pela acumulação de mais garrafas que seus colegas. Esse esforço para obter brindes torna as garrafinhas um brinquedo diferente dos outros. Um brinquedo que nas- ceu de seu esforço para obtê-lo. Nessa tarefa se lançam crianças e pais. Serão utilizadas as redes pessoais disponíveis, pois o con- sumo cotidiano, especialmente das gerações mais velhas (Clarisse, 60 anos), não será suficiente para obter garrafas em grande número. Serão recolhidas tampinhas em bares e restaurantes, solicitando-se parentes, amigos e conhecidos. Ou será feito apelo a conhecidos que trabalham no comércio e podem ter acesso aos brindes por serem posto de troca ou Para adquirir uma Mini Coke é preciso recolher tampinhas em bares e restaurantes, solici- tando-se parentes, amigos e conhecidos. João (14 anos) lembra-se da sua primeira coleção, os “Geloucos”. Maria (18 anos) descreve sua par- ticipação em promoções durante a Copa do Mundo onde foram dis- tribuídas miniaturas dos jogadores da copa de 98. Fotos: Junior de Oliveira Fotos: Junior de Oliveira

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