Revista da ESPM MAR-ABR_2007
106 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2007 Coca-Cola por seus consumidores A ESFERA DOS COLECIONADORES Existe uma esfera particular aos colecionadores onde os objetos de coleção tornam-se uma espécie de moeda dentro de uma relação de colaboração mútua. Trocam-se objetos de valor monetário muito diferentes, mas o que se troca por trás disso é amanutenção do vínculo. Então podemos ter um colecionador descrito como “mais pobre” que envia uma gar- rafa comemorativa a um colecionador “milionário” e recebe em troca uma caixa de garrafas. O que eles trocam é a confirmação de uma relação de co- operação. Trocar objetos por seu valor monetáriopode, inclusive,desabonaros colecionadores.Nestegrupo, odinheiro não deve surgir como referência. EXEMPLO DE UMA BIOGRAFIA DE UM OBJETO De maneira a mostrar essa passagem do objeto por diversas esferas – ou mesmo suas coexistências caracteri- zando uma ambigüidade de valor – apresentaremos a seguir umexemplo de biografia de um objeto, ilustrando adicionalmente, as estratégias de sin- gularização empregadas e associadas a cada esfera. Trataremos do exemplo das gar- rafas promocionais em miniatura. Essas garrafas iniciam sua trajetória em uma esfera promocional, que mantém uma relação – durante o período promocional – com a esfera monetária. Assim crianças e mães obtêm suas garrafinhas através da troca por provas de compra, trocadas por sua vez por dinheiro. Uma vez completa a coleção, as miniaturas tornam-se brinquedos e se incorporam às brincadeiras infantis. As garrafas passam a ali- mentar bonecas, povoar carrinhos, decorar quartos, compondo, junta- mente com os demais objetos, uma vegetação particular dos objetos de infância. Tornam-se assim únicas para uma dada criança. Quando a infância passa, as pequenas garrafas são encaixo- tadas e esquecidas em armários altos. Mas ainda guardam valor, pois não são jogadas fora. Tor- nam-se promessas de herança para os filhos e fontes de re- cordação e testemunho de uma história de vida particular. Aqui as garrafas estão no máximo da singularização. Trocam-se objetos de valor monetário muito diferentes, mas o que se troca por trás disso é a manutenção do vínculo. Então podemos ter um colecio- nador descrito como “mais pobre” que envia uma garrafa comemorativa a um colecionador “milionário” e recebe em troca uma caixa de garrafas.
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