Revista da ESPM MAR-ABR_2007

Francisco Gracioso e Luiz Celso de Piratininga 11 MARÇO / ABRIL DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M JR – Você se referiu ao ano de 73, que traz de um episódio curioso da história da Escola. Quando o Otto comunicou, aos companheiros de diretoria, que pretendia transformar a Escola em uma faculdade, alguns foram contra, creio que o Piratininga foi um deles... PIRATININGA – Fui contra porque entendia, na época, que a Escola tinha uma condição privilegiada, por não depender das relações com o MEC, reconhecimento, avaliações etc. Ela era uma escola risonha e franca... Mas hoje reconheço que o Otto tinha toda razão. Se não tivéssemos dado esse passo, não teríamos a Escola como é hoje. ARMANDO – Há pouco tempo – quando houve mudança de co- mando na McCann-Erickson – o Jens Olesen fez um discurso, salientando que uma das razões do sucesso da agência, no Brasil, teria sido o fato de que só teve, com ele, três presidentes. Notamos uma coin- cidência com a Escola, que, em 56 anos, teve apenas três presidentes. Vocês acham que uma das razões do sucesso da Escola poderia ser creditada a esse fato? PIRATININGA – Não tenho dúvida. Se você tem um mau administrador, tem de trocá-lo; se é um bom líder, tem de mantê-lo. Rodolfo Lima Mar- tensen, por razões profissionais, não teve condições de continuar à frente da Escola; o Otto Scherb era um líder nato e teve uma visão futura da Escola verdadeiramente profética; e o Gracioso que completa um quarto de século de uma gestão maravilho- sa. Então ter bons presidentes, com períodos longos de gestão, é bom para a organização. Significa que ela está funcionando bem, gerando bons frutos. Esta Escola teve bastante sorte, neste sentido. GRACIOSO – E vai continuar a ter. O que essa continuidade tem de bom é a permanência de valores. Estava lendo um artigo, que dizia que um dos problemas do Brasil, hoje, é a busca dos valores perdidos. Acho que nunca mais vamos encon- trá-los. Felizmente, aqui na Escola, esses valores não se perderam; foram cultivados e hoje são basicamente os mesmos que o Rodolfo imaginou, que o Otto perseguiu e que eu pro- curei manter, preservar e transmitir ao meu sucessor. Continuidade só tem sentido – como disse o Piratinin- ga – quando o negócio está dando certo. Significa que a liderança mantém o entusiasmo, a energia e a motivação. Mas significa também valores, que são como as raízes de uma grande árvore. Se estão finca- das fundo na terra, não há vento que os derrube. JR – Sei que não é possível resumir 26 anos em alguns minutos, mas gostaria de que você tentasse falar das suas alegrias e frustrações durante esse tempo à frente da Escola. GRACIOSO –Vamos começar pelas alegrias. Amaior delas foi, para mim, a descoberta do mundo acadêmico. Mesmo antes de assumir a di- reção, estive sempre muito ligado à Escola – fui professor durante 17 anos seguidos, diretor de cursos, de relações públicas, conselheiro. Eu era presidente do Conselho quando “DOIS ANOS DEPOIS DE FORMADO – ESTREEI COMO PROFESSOR DE REDAÇÃO.” RENATO CASTELO BRANCO RODOLFO L. MARTENSEN passei para a diretoria executiva. Mas descobri realmente o mundo acadêmico quando vim para cá: as idiossincrasias, as sutilezas, os seus valores próprios, que do lado de fora é difícil compreender. Esse mundo foi uma revelação para mim. O mundo da propaganda era bem diferente. Mas descobri, nessa transição, que não há nada

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