Revista da ESPM MAR-ABR_2007
Mesa- Redonda porque é aí que mora o perigo. Há que se mudar a consciência. Não é porque os americanos criaram modos de consumo que os chineses deverão ter os mesmos direitos. Temos de procurar uma resposta como humanidade. É um esforço de todos em nome do futuro. GRACIOSO – A solução talvez seja a superditadura global... RICARDO – Não! Dentro da de- mocracia. ROBERTO – Seria necessário usar o marketing do conhecimento, para disseminar esses conceitos. Existe, por exemplo, uma revista, chamada Vida Simples. RICARDO – Temos de imaginar – nessa mesa, onde há especialistas de marketing, acadêmicos – quais os caminhos e dizer a esse público imenso das escolas de comunicação que há várias maneiras de se fazer marketing. Temos de mudar nosso comportamento. PAULO – Acho que temos duas dis- cussões: uma, se o consumo deve ou não ser responsável, é uma questão “O CONSUMO FUNDAMENTAL É COMER E DORMIR.” política. A outra é comportamental. Insisto que consumo – isoladamente – não existe. O que os indivíduos fizeram, ao longo da história, a não ser procurar o seu desenvolvimento e melhores condições de vida? Isso se dá através do consumo. Em alguns momentos atendem às necessidades básicas, em outros atendem às neces- sidades de identidade – que o Mario chamaria de desejo. Isso é parte da história da humanidade. Ooutro dado é que 85% da população do mundo participam apenas marginalmente do que chamamos de consumo. Só há uma forma de intervir nisso: uma di- tadura global. Um rapaz do Nordeste, louco para comprar um tênis – a ponto de assaltar – de repente, começa a ter condições de comprá-lo. Não há como segurar. MARIO – Quero falar sobre ditadura global. Não podemos esquecer que o Brasil tem um comportamento, e a Dinamarca, outro. Quando o rodízio municipal foi implantado em São Paulo, experimentalmente, só 5%ade- riram espontaneamente. No instante em que há multa, tudo muda. PAULO – O que estou pretendendo é trazer para a discussão uma coisa cha- mada ser humano. Fazendo pesquisa de mercado, durante anos, lidei com coisas que não existem. Em pesquisa de mercado se fabricam seres “extra- terrestres”, o tempo todo: o consumi- dor de cartão de crédito, o correntista bancário, o consumidor de super- mercado, o telespectador. Nada disso existe. O que existe é um indivíduo, 118 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2007
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