Revista da ESPM MAR-ABR_2007

Mesa- Redonda corretos, quenãoagridam, fica tudomais fácil. Agora, por exemplo, na época do racionamento,quandotínhamosdeusaro chuveiroquentepormenostempo,éuma agressão à individualidade humana. RICARDO – Mesmo que seja uma necessidade de todos? JEAN – Quando você impõe uma von- tade única e exclusiva é uma ditadura. ROBERTO – É o exercício da autoridade sem dúvida nenhuma. Imagine essas campanhas – “use menos o chuveiro” – dirigidas a um operário cujo único prazer é chegar em cada e tomar um banho quente. RICARDO – Há aquecimento solar! JR – Talvez não pertença ao núcleo da questão, mas até que ponto – quando a mídia dá destaque ao aquecimento global – não estão sendo deixados, conveniente- mente,delado,outrostemastantooumais sérios?AeconomiadeguerradosEUA–o paísmaisricodomundo–quedesperdiça recursos em instrumentos de destruição emmassa. Porque não dar mais destaque à Noruega, Dinamarca, Suécia que dão um exemplo ao mundo, com 76% de cobrança de impostos – que lá talvez sejam bem aplicados – mas que aqui no Brasil,porexemplo,40%danossaecono- mia são confiscados e desperdiçados em compadrismoecorrupção?Atéqueponto, quandoumchefedeestadoouumpolítico diz “gente, precisamos consumir menos”, não é para o público esquecer esses pro- blemas tãograves, sérios, prementes? RICARDO – Nos EUA, o senhor Bush ja- maisimaginouaceitaroprotocolodeKyoto –que éumaposturaperanteo futuro. JEAN – A tribo americana é egoísta, egocêntrica, só enxerga o umbigo de- les, não têm preocupação ecológica; acham que ecologia tem de ser feita na Amazônia. RICARDO –Mas12estadosamericanos, hoje,seguemoprotocolodeKyoto.Eisso é aposta no futuro que tem de ser feita agora.OBushvai perder aseleiçõesnão porque perdeu a guerra, mas porque a questão do aquecimento global invadiu amídiade tal forma, queele, de repente, vem aqui pedir um pouco de ajuda na questão do álcool... JR –Achoquechegamosaumconsenso: de que existe algo chamado consumo responsável, diantedas sériasameaçasà sobrevivênciadoplaneta.Todosconcor- damemquemarketing,propaganda,são instrumentos eficazes de comunicação e comercialização. Acho que podemos dedicar à última rodada para que cada um exponha o que acha possível fazer – não só na escola, mas em outros am- bientes – para encorajar, desenvolver este tipo de comportamento, sem que se recorra à ditadura. CLOVIS – Acho que o comportamento poderá mudar. Acredito que um aluno nosso vai jogar o papel no lugar certo quando ele se alegrar com isso. Jogar o papel no lugar certo – tal como o hálito – não quer dizer nada. Mas causará prazer, quando entendido no universo social onde ele estiver; ou seja, quando ele for recriminado ou aplaudido – e o aplauso talvez seja uma alternativa à ditadura. É o símbolo do positivo. Não mais pelo medo, mas pelo aplauso. Ou mesmo, se um comportamento não ensejar revolta, repulsa de quem está do lado, já será suficiente para produzir uma inclinação em direção a esse novo comportamento. Por en- quanto, estamos na esfera do aleatório. Tanto faz o lugar onde vou jogar isso “NÃO É UM PROBLEMA DE MARKETING; É UM PROBLEMA DE EDUCAÇÃO.” 120 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2007

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx