Revista da ESPM MAR-ABR_2007
58 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2007 Entrevista ecologia... Aí vem um carro carís- simo – não tem, nem de longe, o desempenho de umBMW– mas todo mundo acha ótimo. Estamos vivendo um período de frustração – e talvez resida aí a oportunidade de inovação. Eu tenho 70 anos, como saber como esta máquina funciona? (mostra o gra- vador) Não consigo ler. Minha mãe é espanhola, tem98 anos – está atémuito bem–mastemumcontroleremotocom 50 botões. Pergunto-lhe: “Por que não assiste à TV espanhola?” E ela: “Porque nãoaencontro”.Hojeemdia, háque se resolver oproblemada frustração, que é imenso.Veja tudoqueestáacontecendo com o meio ambiente – a elevação da temperatura, o problema da água – há uma total falta de inovação. Como vou inovar este hotel? A comunicação deles vai ter que dizer algo como “somos responsáveis, respeitamos a natureza etc.” E os hóspedes vão pensar: “Estou num hotel que respeita a natureza.Vou enviar um e-mail aos meus amigos, dizendo isso”. JR – Uma vez entrevistei o CEO de uma grande empresa de produtos eletrônicos, e expus a ele, exatamente o que você acaba de dizer, e ele me respondeu em off: “Nós não nos preocupamos com isso porque essas pessoas vão morrer daqui a pouco, e os jovens já nascem sabendo mexer nesses botões – e eles são os consumi- dores do futuro”. CHETOCHINE – Isso pode ser ver- dade. A Sony era o número 1 do mundo com o walkman, veio o iPod e acabou com eles. Mas acho ter- rível os jovens aprendendo Kotler, unicamente. Quando um estudante aprende Kotler, ele põe na cabeça um sistema com valores, estruturas etc. que hoje é completamente diferente. Então, é essencial explicar ao jovem que temos de aprender Kotler, mas também aprender Chetochine. Meu filho estudou na Columbia University e é impossível discutir marketing com ele, pois ainda pensa que, com uma boa propaganda, venderá os produtos. O modelo que tem na cabeça que não é bom. Penso – como Levi Strauss – que amarca é ummito e atualmente os alunos trabalham commitos, e não com a realidade atual. Participei da abertura do primeiro hipermercado do mundo – oCarrefour – em1963. Nesta época, a capitalização de bolsa do Carrefour era nada. Hoje, é dez vezes “DENTRO DE 30 ANOS, A LÍNGUA ALEMÃ PODERÁ NÃO MAIS EXISTIR.” MINHA MÃE É ESPANHOLA, TEM 98 ANOS, E POSSUI UM CONTROLE REMOTO COM 50 BOTÕES. PERGUNTO-LHE: “POR QUE NÃO ASSISTE À TV ESPANHOLA?” E ELA: “PORQUE NÃO A ENCONTRO”. maior do que a do Danone. E o Car- refour vai à Danone e diz: “Agora você tem de fabricar para mim com a minha marca”. Quando um consumidor quer comprar uma televisão, uma máquina de lavar ou umcarro, a primeira coisa é ir à internet. Quando ele vai ao ponto- de-venda, sabemaisdoqueovendedor. O teor da internet não é a venda; é a capacitaçãodoconsumidor.Hojequem tem a informação é o consumidor. GRACIOSO – Houve época emque a propaganda tinha umpapel essencial- mente educativo. Hoje, se comparar- mos os anúncios com os de 30 anos atrás, veremos que sãomais genéricos, pouco informativos. Então quem dá essa informação ao consumidor? O MODELO QUE TEM NA CABEÇA QUE NÃO É BOM. PENSO–COMOLEVI STRAUSS – QUE A MARCA É UM MITO E ATUALMENTE OS ALUNOS TRABA- LHAM COMMITOS, E NÃO COM A RE- ALIDADE ATUAL.
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