Revista da ESPM MAR-ABR_2007

79 MARÇO / ABRIL DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M GRACIOSO – O que é, na sua opinião, a cibercultura? É uma cul- tura em si ou faz parte de uma nova cultura que se está desenvolvendo, especialmente entre os jovens? ROB – Diria que faz parte de uma cultura mais ampla. Vejamos a pri- meira parte da sua pergunta, sobre a apropriação cultural das comuni- cações através de computadores, especialmente por parte da juven- tude. Toda a organização racional da sociedade teve suas origens no campo militar, depois passou para a economia. Foi um sistema econômi- co lançado por eles e depois tomado emprestado pelas pessoas e seus fluxos emocionais, seus afetos, cartas de amor, música etc. Então, a primeira resposta seria dizer que é um fenômeno único, novo que, de certa forma, levou ao surgimento de novas especializações acadêmicas. O que me parece mais interessante sobre a chamada cibercultura é a maneira como interage em nossa vida quotidiana. Há uma espécie de transborde do computador, de todas e quaisquer mídias que passam pela interface de um computador. Não apenas se adapta aos padrões culturais preexistentes, às tradições e à maneira como as pessoas per- manecem em contato, mas, também, o modo como interfere em todas estas relações. Isto é o que mais me interessa. Não é passageira – é uma manifestação e-pop, interesses e preocupações que já vêm de longa data. Realidades virtuais e bens in- tangíveis. No entusiasmo da internet, muitas vezes detectamos a importân- cia contínua que as pessoas dão aos chamados “intangíveis”. . Mas as pessoas jamais perderam o interesse na espiritualidade, em tudo o que é intangível, ou na esfera comunitária. Até os americanos mais “pés no chão” mantêm o interesse e a fé na virtualidade apesar de – ao mesmo tempo – desposarem um conjunto de valores bastante empírico. MÁRIO – O que significa a palavra cyber ? ROB – É um termo que teve seu sentido mais expandido do que a eti- mologia e o sentido originais. Cyber tornou-se não apenas relacionada ao saber e aos sistemas de comuni- cações, mas adquiriu o sentido de “simulação”. É uma espécie de vida mediada. As pessoas encontram uma série de mediações no seu dia-a-dia, seja ao falar pelo telefone celular, ao lidar com algum fenômeno que esteja acontecendo do outro lado do planeta, mediações em todo tipo de estruturas sociais institucionais. Procurar ver através dessas estruturas sociais, olhar depois na internet para verificar algo “cyber”, creio que isto é a denominação atual de “cyber”, além do sentido estrito da palavra. É interessante o que ocorre no Ca- nadá, por exemplo, onde a palavra saiu da esfera das comunicações e foi levada ao campo dos games e até de festas. MÁRIO – Você fala de virtualidade, internet... O que acha desta onda gigante de second Life , uma “segun- da vida”? Como é isso no Canadá? Aqui, há uma quantidade de pessoas que têm uma “vida dupla”, uma second life , até para os negócios. O Brasil está em quarto lugar no

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx