Revista da ESPM MAR-ABR_2007
80 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2007 Entrevista ranking . Vocês são o segundo país do mundo lidando com isto, logo após os EUA. Você acha que vai se expandir? Em que base? ROB – O Brasil é um país fascinante porque, no meio ambiente, no meio social, tudo se torna tão popular. É verdade. As pessoas pensam mais, na internet, em inglês, e menos em função da expressão característica de cada país. Acho igualmente im- portante o e-bay , que é uma ferra- menta na internet que leva a estes ambientes de second life , “vida” virtual, mundos virtuais. São fer- ramentas sociais que muitas vezes promovem o escapismo, além das coisas a que estamos presos, na vida quotidiana. Também pode ser um jeito de abrir novas possibilidades de tal forma que, se desejarmos encontrar pessoas com interesses semelhantes aos nossos, no mundo inteiro, a cibercultura nos auxilia; fazemos contato com outros fãs, no setor de games, de outros lugares do mundo. Algumas pessoas “vivem” nesses nichos extremistas, nessas redes mundiais de engajamento so- cial. Mas há outro aspecto. A pessoa tem avatares o suficiente. Fala com as pessoas com quem fala todo dia, depois chega em casa e continua conversando, têm de manter con- tato. Quando se encontrarem da próxima vez, cara a cara, a intera- ção terá algo a mais, essa outra dimensão virtual incorporada. As trocas que as pessoas fazem pelos micros, nem que seja só de texto – dizem coisas, pelo computador, que jamais diriam cara a cara. Esse é um tipo de interação social exces- siva, uma verdadeira sobrecarga de interação social virtual. É algo que passará? Acho que não.Vai-se tornar mais profissionalizado, apenas. Os avatares no Blackberry não falam só de juventude mas vemos os mesmos padrões de troca em viagens. Por exemplo, quanto ao nome no Skype, voice over na internet. É muito fácil sempre acrescentar mais um comentário sobre qualquer tema. Você pensa: “Qual é a extensão deste mundo juvenil do orkut? Será que há mesmo tanto o que dizer 24 horas por dia?” Às vezes, olho para trás e penso “não é algo que já fizemos uma única vez, em algum lugar do passado?” GRACIOSO – Entendo que você está falando da internet como um meio de interação social, escape à realidade, mas – se nos ativermos ao tema original, a cibercultura e consumo – o que pensa sobre o consumo propriamente dito? A cibercultura em si leva a algum ambiente especial, quanto a bens de consumo, serviços ou idéias? ROB – Já mencionei o e-bay , como algo interessante. Pense mais radi- calmente sobre o ciberespaço, em determinada instância, há uma nova gama de mídias, ambientes midiáticos virtuais em que, muitas vezes, o conteúdo independe da forma. Por exemplo, uma música emCD, o download de uma canção, ou uma música num DVD, que vira “vídeo-musical”. Por exemplo, um jingle relacionado a uma marca. Estes novos objetos, novas mídias para as marcas – têm certo tipo de “ecologia” ou ambiente, principal- mente para comunicações media- das por computadores. Estavam nas páginas das revistas, mas o mundo da cibercultura viabilizou mostrar tudo na tela, mesmo que já tenha estado na televisão. Não se trata, simplesmente, de consumir algo em particular, mas sim todo um ambien- te de coisas. Comprar coisas com marcas, por exemplo. Temos que começar a entendê-las como tipos de coisas em particular, passando por intermediações intangíveis, até os consumidores. Mas vocês são experts no assunto e eu nem deveria estar falando disso... GRACIOSO – No Brasil e no Canadá é provavelmente a mesma coisa. A internet comomeio publicitário ainda é secundário – sua fatia leva cerca de 2% dos orçamentos publicitários em geral, cifra bastante próxima da norte- americana. Isto significaria que não é um bom meio para anunciar?Vê-se a internet como capaz de construir mar- cas, alémde seus aspectos sociais e de comunicação. E é, cada vez mais, um canal de vendas. Será eficaz?Amarca que buscamos está presente na nossa mente. Então, pesquisamos na inter- net, comparamos preços, condições de venda etc. Mas não se trata de um ambiente persuasivo, especialmente se pensarmos nas marcas... ROB – É um bom desafio. Acho que outras mídias publicitárias estão “atravessando” a internet. “SÃO FERRAMENTAS SOCIAIS QUE MUITAS VEZES PROMOVEM O ESCAPISMO.”
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