Revista da ESPM MAR-ABR_2007
81 MARÇO / ABRIL DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M GRACIOSO – Na minha opinião, persuasão requer emoções. Não vejo muita emoção na internet. Estou certo ou errado? ROB – Não concordo. Acho que há paixão na internet. Vejo as pessoas procurando algo só porque gostam de determinado objeto. Este tipo de prazer, amaneira como as pessoas gas- tam demasiado tempo e deixam para comprar no dia seguinte, na semana seguinte, tudo é indicativo de que as pessoas estão procurando uma exten- são do seu momento de “compra”. A crítica que faço é que procuram no lugar errado, gastando horas na frente do computador. Não creio que o que as pessoas estejam fazendo seja racional. É uma atividade muito efi- caz, persuasiva. Requer emoção no sentido em que estou “traduzindo” emoções como “acompanhar os altos e baixos da emoção”. O que acabo de dizer ficamais claro, se pensarmos em jogos de computador, mas acho que também cabe na procura de um novo produto ou para avaliar a opinião de usuários... MÁRIO – Qual a mídia mais forte, em termos de emoção, para o senhor: TV? Rádio? Qual delas faz a pessoa responder mais? ROB – A internet está-se tornando a mídia das mídias, está absorven- do, abarcando, as mídias auditi- vas, visuais, de textos, com muita facilidade. Há essa conversão e está cada vez mais difícil separar as mídias. Por exemplo: visitar U-2. É TV? Big Brother? Todos seriam pop stars nesse preencher de lacunas em todos os países. Isto é totalmente emocional. MÁRIO – Talvez haja momentos para assistir à TV, ou navegar na in- ternet. Suponhamos que sejam 20h, hora de ver TV, não há uma espécie de abertura mais receptiva para ver a televisão no horário nobre do que para navegar? GRACIOSO –Você parece conside- rar a internet como uma fonte de conteúdo informativo, acima de tudo. A informação pode ser persua- siva? Pode a informação ser tornada em algo persuasivo? ROB – Fascina-me ver professores, senhores da academia, filmarem a si próprios, fazer filmetes de si mesmos, em seus escritórios, para depois pedir a opinião de um es- pecialista... A riqueza desta mídia, o que se pode dizer em 6 minutos permite a difusão de uma opinião legal, por exemplo, sobre direito internacional, em determinada crise. Você pode ser um professor júnior, numa escola do fim do mundo e, mesmo assim, ter acesso. Creio que isto é persuasivo, no sentido de in- formação autêntica, ou algum tipo determinado de informação, muito precisa. A TV é diferente. Vemos TV para, no dia seguinte, poder falar do que vimos. O computador é mais in- dividualista, neste sentido. Bill Gates já disse: “Nos próximos cinco anos veremos o fim da televisão como hoje a entendemos”. Provavelmente, ela continuará a existir, mas será algo a mais num dispositivo móvel. Quando se é a única pessoa, num país inteiro, assistindo, no Brasil, a um determinado vídeo feito por alguém em Taiwan, isso é um con- sumo radicalmente individual. GRACIOSO – Outro ponto: OMário René deu, como exemplo, second life , a segunda vida. Isto é típico da ci- bercultura, e está mudando a men- talidade das pessoas, de milhões de jovens. À medida que se estabelecer cada vez mais, que a cibercultura criar um comportamento formal da juventude (diferente do comporta- mento que costumamos associar à sociedade de consumo), será que isto levará a outras formas de con- sumo? Outros meios que as pessoas verão de “possuir alguma coisa”? Você sabe, o consumo está relacio- nado à necessidade de possuir, de usar coisas. Será que a cibercultura mudará a maneira pela qual enten- demos consumo hoje em dia? ROB – Acho que não. Este é um processo de longo prazo – que torna a construção do self muito mais óbvia – é assustador, aberto, e até incômodo. Mas é algo frágil, algo que está sendo construído e deve-se salientar que esta construção passa por coisas que não se podem ver (como “quantas músicas você tem no seu iPod?”). Vive-se cada vez mais no mundo dos intangíveis e é isso que, verdadeiramente, denomi- namos de sociedade – ou economia – do conhecimento. Também tem suas repercussões no consumo, nos tangíveis. Há duas reações possíveis: Rob Shields “DIZEM COISAS, PELO COMPUTADOR, QUE JAMAIS DIRIAM CARA A CARA.”
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