Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

R e v i s t a d a E S P M – m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 10 } O capi tal ismo representa esse processo his- tór ico, no qual a humanidade busca formas mais ef icientes de produzi r a sua sobrevivência ~ E N T R E V I S T A GRACIOSO – Esta edição da Revista da ESPM pretende mostrar o que está acontecendo no mundo econômico e os rumos que o capitalismo vem tomando. Como você contextualiza essa crise que começou em 2008? DELFIM – O capitalismo é um processo que começou no século XIX. Desde que saiu da África, há 150 mil anos, o homem foi procurando mecanismos para facilitar a sua vida, por meio da formação de grupos independentes. O mercado surgiu para que ele pudesse estabelecer uma produção efi- ciente e ter liberdade de iniciativa. O capi- talismo representa esse processo histórico, no qual a humanidade busca formas mais eficientes de produzir a sua sobrevivência. Quanto mais eficiente é a forma pela qual o homem resolve seu problema material, mais tempo livre sobra. J.ROBERTO – Até as chamadas tribos pri- mitivas, mesmo no descobrimento do Brasil, trabalhavam o mínimo possível. DELFIM – Esse mecanismo, que possibilitou ao homem satisfazer a necessidade de ter liberdade e iniciativa, vem se aperfeiçoando há 10 mil anos. O sistema muda, as relações humanas mudam, mas a busca é sempre a mesma: liberdade de iniciativa; sua reali- zação como homem; e eficácia produtiva. A economia é um processo termodinâmico, já que o homem instala-se num ambiente, cap- tura a energia desse local e usa essa energia para suprir suas necessidades. Assim, não existe capitalismo, mas um processo histó- rico, que agora chamamos de capitalismo e vai mudando ao longo da história. J.ROBERTO – Há, historicamente, no sé- culo XVIII uma revolta contra a nobre- za – que detinha o poder e a riqueza. No século XIX surge uma ideologia anticapitalista, diferente do que tinha acontecido antes. DELFIM – O anticapitalismo é característico do intelectual e representa um processo ci- vilizatório. Desde o período neolítico, há 10 mil anos – quando as cidades começaram a surgir – até 1.700, a população cresceu pou- co. O mundo era controlado pela quantidade de alimentos e pelo pouco uso de energia extraída da água, da madeira e do vento. À medida que o homem foi se apropriando de mais tecnologias, ele começou a incorporar novos itens ao processo produtivo, que resul- tou na primeira Revolução Industrial. Hoje, com a tecnologia da informação, que vai mudar o mundo novamente, devemos estar na quinta revolução. O trabalho da fábrica, com máquinas gigantescas de motor a vapor, era uma característica do século XIX. Depois, se inventou o motor elétrico e o “Fordismo” (de Henry Ford) mudou todas as relações industriais. Hoje, o trabalho já não exige a presença física da pessoa, estamos num processo de transformação, mas é sempre na mesma direção: aumentar a liberdade do homem e a eficiência do tempo que ele dedica à sua subsistência. GRACIOSO – Mas essa eficiência é moti- vada pela competição, que é caracte- rística do capitalismo. Não teria havido excesso nessa ênfase? DELFIM – Na verdade, a teoria econômica confundiu o funcionamento do sistema

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