Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

R e v i s t a d a E S P M – m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 102 tica. Mesmo no tema do pré-sal há um interesse da China de reduzir a dependência do Oriente Médio. ILAN – Temos uma perspectiva de muitos anos de mudança, mas ainda na dependência de com- modities e na manutenção das dificuldades em criar atividades de maior valor agregado. OCTAVIO – Uma coisa é reconhecer que há uma mudança de preços relativos na economia mundial a favor das commodities, em detri- mento dos manufaturados. Hoje, a indústria sofre com a sobreoferta mundial, enquanto o setor de servi- ços cresce de forma espetacular no Brasil. Sou membro do Conselho de Economia da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), há 13 anos, e vejo que uma parcela importante das indústrias incorporou novos fornecedores importados refazendo o modelo de negócio. Muitos nem pleiteiammais uma depreciação forte do câmbio na medida em que já encontraram um novo “mix de custos”. Mas a grande maioria – que não tem essa estru- tura de custos e de fornecedores externos – precisa exportar e pede câmbio mais depreciado. Alguns setores estão commuitas dificulda- des e outros se tornaram meros va- rejistas. O industrial, no geral, está sentindo muito o momento adverso, mas não chego a concordar que o Brasil esteja vivendo uma desindus- trialização estrutural. A indústria está sentindo em todo mundo, até mesmo na China. Temos de esperar para avaliar melhor as implicações desse ciclo de sobreoferta mundial de manufaturados. ILAN – Hoje, o comércio asiático chega a 60% do total do mercado internacional. Na América Latina, nosso comércio regional é de 16% daquilo que comercializamos. Nes- se contexto, o comércio regional não seria uma alternativa para as economias latino-americanas? MARCONINI – Sem dúvida. Histo- ricamente, a América Latina é a única região onde o Brasil sempre teve superávit , mesmo durante crises ou períodos de queda de atividades. Na Ásia, o interessante é a integração dos mercados. A ma- nufatura japonesa vai para a China e para a Coreia. Do ponto de vista asiático, integração não é fazer um acordo – que ninguém respeita –, mas se integrar de fato. Aqui, na nossa parte do mundo, temos a impressão de que você assina um papel e a integração se produz au- tomaticamente - o que é errado. E, ainda assim, nós mesmos não respeitamos nossos compromissos. Com relação ao México, recente- mente ameaçamos denunciar um acordo que nos beneficiou com um superávit enorme durante um longo tempo assim que “o jogo virou” a favor de nossos parceiros. Agimos com o México da mesma forma que a Argentina age conosco. É a “Teoria dos Dominós” aplicada ao comércio exterior regional. Existe uma rede de acordos, na qual você também pode focar a América La- tina como um grande projeto estra- tégico e rever os diversos Acordos de Complementação Econômica bilaterais. Em vez de esperar 15 anos para ter livre comércio com a Venezuela, poderíamos negociar } O Conse l ho Supe r i o r na Ch i na acha que chegou a hora de mudar o esquema do capi ta l i smo de Estado ~

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