Revista da ESPM_MAR-ABR_2012
R e v i s t a d a E S P M – m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 108 Assim, um dos grandes desafios é o uso apropriado do passado e do legado de uma companhia com valores sólidos e robustez, para sobreviver a todas as mudanças so- cioeconômicas e comportamentais da nossa civilização. Um lado da moeda: empresas que prezaram pela nostalgia A ironia da evolução e o risco da nostalgia: O CASO KODAK A Kodak, centená r ia empresa norte-americana, criada por George Eastman, em 1880, é reconhecida pela popularização da fotografia no século XX, pelos produtos de revelação de fotos com custos competitivos e pela ampla gama de serviços para revelação. A companhia chegou a dominar mais de 90% do mercado de venda de filmes fotográficos comercializados nos Estados Unidos. Recentemente, a empresa ganhou as manche- tes por entrar em concordata 1 . A razão para isso ocorrer? A empresa não se adaptou à nova era digital, o que chega a ser uma daquelas ironias do destino: a primeira câmera digital foi criada, em 1975, em um dos laboratórios da própria Kodak 2 . O dispositivo quase do tamanho de uma má- quina de escrever levava quase meio minuto para compor uma imagem em preto e branco de cerca de 0,01 megapixel. Relegada à con- dição de excentricidade técnica, a invenção ficou em segundo plano. Foram quase 20 anos para que a evolução de processadores, sensores de captação de imagens e computadores pessoais (somados à internet) criassem as condições necessárias para a revolução da fotografia digital. Em meados dos anos de 1990, já se antevia a onipresença da fotografia digital, mas os diri- gentes da Kodak hesitaram em decretar o fim do modelo de negócio focado em máquinas convencionais e serviços de revelação 3 . Os argumentos para não se abandonar os modelos convencionais pelos digitais eram os de que (i) a produção de câmeras e insumos, seus maiores ativos, ainda seria rentável por muitos anos e (ii) o próprio negócio seria ca- nibalizado se a empresa passasse a produzir câmeras digitais. Além disso, a boa imagem perante consumidores, parceiros e forne- cedores reforçou o sentimento nostálgico e impediu a Kodak de olhar para o futuro, que estava diante de seus olhos. A empresa só decidiu entrar, realmente, no segmento de fotografia digital quando os concorrentes já tinham se estabelecido no mercado e ofereciam câmeras tecnicamente superiores. Houve uma tentativa de se rein- ventar, com o oferecimento de serviços digi- tais, mas a empresa perdeu dinheiro com uma série de decisões desastrosas. Passou, então, a ser citada na imprensa e em inúmeros cursos como caso de insucesso. A Eastman Kodak Com- panyfoifundadaem1880, por George Eastman, o inventor do filme foto- gráfico. Produzindo e comercializando equipa- mentos fotográficospara profissionaiseamadores, a empresa tornou a foto- grafia acessível a todos A Kodak criou a câmera digital, só que não soube explorar esse feito. Isso já aconteceu com outras empresas como a Xerox, que inventou a interface gráfica para computadores, mas considerou esseavançoumacriaçãomenor,atéque a Apple e Microsoft “copiaram” a ideia Primeira câmera digital da Kodak que gravava em fitas K7
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